ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA
DEBATER QUESTÕES RELATIVAS À SAÚDE BÁSICA DO BAIRRO PARTENON E AO CENTRO DE
SAÚDE ESCOLA MURIALDO – QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA
LEGISLATURA, EM 08-9-2008.
Aos oito dias do mês de setembro do ano de dois mil
e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e um minuto, o Vereador Sebastião
Melo assumiu a presidência e declarou abertos os trabalhos, informando que a
presente Audiência Pública seria destinada a discutir a Assistência Básica da
Saúde do bairro Partenon e as condições de atendimento, trabalho e ensino do
Centro de Saúde Escola Murialdo – CSEM –, conforme requerido Sindicato dos
Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul – SINDSEPE/RS –, nos termos
do Edital publicado no Diário Oficial de Porto Alegre do dia quinze de agosto
de dois mil e oito (Processo nº 4994/08). Durante os trabalhos, estiveram
presentes os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Todeschini, Dr. Raul e a
Vereadora Sofia Cavedon. Compuseram a Mesa: o Vereador Sebastião Melo,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Claudio Augustin,
Presidente do SINDSEPE/RS; e o Senhor Jaime Porto, Coordenador-Adjunto dos
Hospitais do Estado do Rio Grande do Sul. Ainda, durante a presente Audiência Pública, foram registradas as presenças,
neste Plenário, dos Senhores Gustavo Soares, Coordenador-Geral dos hospitais da
Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul; e Néio Lúcio Fraga Pereira,
representando a Diretoria do Hospital Conceição. A seguir, o Senhor
Presidente prestou esclarecimentos acerca das normas a serem observadas durante
os trabalhos da presente Audiência Pública, informando que, após o
pronunciamento dos Senhores Claudio Augustin, Jaime Porto e James Martins da
Rosa, este representando a Secretaria Municipal de Saúde, seria concedida a
palavra para manifestações de representantes da comunidade e de Vereadores
inscritos. Em continuidade, foram
iniciados os debates acerca da Assistência Básica da Saúde do bairro Partenon e
das condições de atendimento, trabalho e ensino do Centro de Saúde Escola
Murialdo – CSEM – tendo o Senhor Presidente concedido a palavra aos Senhores Claudio Augustin,
Jaime Porto e James Martins da Rosa, que se
pronunciaram sobre o assunto. Em continuidade, o Senhor Presidente
concedeu a palavra aos inscritos, que se pronunciaram na seguinte ordem: o
Vereador Aldacir Oliboni; a Senhora Eliane de Miranda Paim, Coordenadora do
Conselho Distrital de Saúde Partenon; a Senhora Maria Letícia de Oliveira
Garcia, Coordenadora do Conselho Municipal da Saúde de Porto Alegre; o Vereador
Dr. Raul; a Senhora Rosa Helena Mendes, representando o Conselho da Unidade
Básica de Saúde 2 – Vila Vargas; a Senhora Marília Fidel, Conselheira do
Orçamento Participativo; as Senhoras Felicidade Deolinda Rodrigues e Elenira
Martins Pereira, integrantes da Unidade Básica de Saúde 2 – Vila Vargas; o
Senhor Carlos Airton Weber dos Santos, Conselheiro Estadual de Saúde; o Médico
Sanitarista Lucio Borges Barcelos; o Senhor Joel Soares, do Sindicato dos
Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência no Rio Grande do Sul –
SINDIPREVI/RS –; o Vereador Carlos Todeschini; a Senhora Maria Hisami Torii, da
Unidade Básica de Saúde 5 – Avenida Ceres; o Senhor João Maria Vieira, da
comunidade do bairro Partenon; e a Vereadora Sofia Cavedon. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra,
para as considerações finais acerca do tema em questão, aos Senhores James
Martins, Jaime Porto e Claudio Augustin. Também, o Senhor Presidente concedeu a
palavra, para encaminhamentos sobre os debates realizados durante a presente
Audiência Pública, ao Vereador Aldacir Oliboni, ao Senhor João Valdir Corrêa, à
Vereadora Sofia Cavedon e à Senhora Marília Fidel. Na ocasião, o Senhor
Presidente registrou ter recebido documento da Senhora Eliana Paim e um CD do
Senhor Claudio Augustin, relativos ao tema abordado nesta Audiência Pública,
determinando que fossem juntados ao Processo nº 4994/08. Após, o Senhor Presidente determinou que, em
caráter de urgência, o teor da presente Audiência Pública seja levada ao
conhecimento da Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa e que seja
encaminhado ao Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre documento com os
indicativos produzidos nesta Audiência Pública. Finalizando, solicitou que os
Senhores Jaime Porto e James Martins da Rosa oficializassem à Câmara
Municipal as providências a serem tomadas em relação às reivindicações feitas
na presente Audiência Pública. Às vinte e
uma horas e vinte e três minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Audiência Pública. Os
trabalhos foram presididos pelo Vereador Sebastião Melo e Carlos Todeschini e
secretariados pelo Vereador Aldacir Oliboni. Do que eu, Aldacir Oliboni, 3º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será assinada pelo
Senhor 1º Secretário e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Senhoras e senhores, meu boa-noite. Eu pediria aos amigos que nos dessem a
honra de ocupar as cadeiras internas, para que a reunião fique mais produtiva.
(Pausa.) Senhores e senhoras, a Câmara Municipal recebeu um ofício datado de 28
de julho do corrente ano, assinado pelo Sr. Claudio Augustin, Presidente do
Sindsepe/RS, solicitando a presente Audiência Pública, cujo teor é o seguinte
(Lê.): “O Sindicato dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul -
Sindsepe/RS - requer que seja realizada uma Audiência Pública da Câmara
Municipal de Porto Alegre para discutir a assistência básica da Saúde do
Partenon e as condições de atendimento, trabalho e ensino do Centro de Saúde
Escola Murialdo (CSEM), com a maior brevidade possível. Os trabalhadores e os
residentes do Centro de Saúde Escola Murialdo (CSEM) paralisaram as suas
atividades, por tempo indeterminado, a partir do dia 16 de julho passado, como
forma de luta por melhores condições de trabalho e ensino necessários para
poder prestar um melhor atendimento à população assistida. Esta luta faz parte
da proposta de Reestruturação do Centro de Saúde Escola Murialdo (Anexo 1), que
visa fortalecer a formação da Residência Médica e Multiprofissional em Saúde
Coletiva - Atenção Básica para o Sistema Único de Saúde – SUS. A Assembléia
Geral, realizada em 16 de julho, aprovou o documento ‘Súmula da Proposta de
Reestruturação - Centro de Saúde Escola Murialdo (CSEM)’ (Anexo 2). A Juíza Drª
Viviane Miranda Becker, da 5ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de Porto
Alegre, indeferiu a antecipação de tutela pretendida na Ação Civil Pública,
Processo nº 10801948219, na qual pretende o Ministério Público sejam o Estado
do Rio Grande do Sul e o Município de Porto Alegre compelidos a procederem a
gestão compartilhada do Centro de Saúde Escola Murialdo (Anexo 3). Aproveitamos
a oportunidade para sugerir que sejam convidados e/ou convocados para
participarem da Audiência Pública todas as partes envolvidas para expressarem
as suas posições para solucionar as questões propostas. Neste sentido,
sugerimos que sejam ouvidos os gestores, o controle social e o Ministério
Público, além do proponente da Audiência Pública. Certos do pronto atendimento
da nossa solicitação, agradecemos antecipadamente. Saudações sindicais. Claudio
Augustin.” Este é o Requerimento.
Passo a ler o Edital (Lê.):
“Audiência Pública com o objetivo de discutir a assistência básica de Saúde do
bairro Partenon e as condições de atendimento, trabalho e ensino do Centro de
Saúde Murialdo (CSEM). O Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, no uso
de suas atribuições legais, comunica, à comunidade porto-alegrense, a
realização de Audiência Pública, a pedido do Sindicato dos Servidores Públicos
do Estado do Rio Grande do Sul, no dia 8 de setembro de 2008, às 19 horas, no
Plenário Otávio Rocha da Câmara Municipal de Porto Alegre, sita na Av. Loureiro
da Silva, nº 255, Centro, com o objetivo de discutir a assistência básica da
saúde do bairro Partenon e as condições de atendimento, trabalho e ensino do
Centro de Saúde Escola Murialdo (CSEM). Gabinete da Presidência, 11 de agosto
de 2008”. Assina o Presidente que vos fala.
Senhores,
quero atenção para o regramento desta Audiência. Quero registrar a presença dos
meus colegas Ver. Carlos Todeschini, Vice-Presidente da Casa; também do Ver.
Aldacir Oliboni, Secretário da Mesa Diretora, que tem trabalhado muito esse
tema aqui nesta Casa e, de resto, na Cidade. Portanto, são dois Vereadores que
têm tudo a ver com esse tema que ora vamos tratar.
Peço
que as representações da sociedade civil se identifiquem para a Andréia, nossa
Relações Públicas, para que, ao longo da Audiência, aqueles que não forem
citados aqui possam fazer o registro.
Prestigiam este evento:
Conselho Estadual de Saúde, Conselheiros Estaduais e Municipais de Saúde,
Conselhos Distritais de Saúde, Conselheiros Distritais de Saúde; Srª Marília
Fidel, Conselheira do Orçamento Participativo Partenon; presidentes de
sindicatos e órgãos de classe.
Convidamos
para compor a Mesa de trabalho: Sr. Claudio Augustin, Presidente requerente;
Dr. Jaime Porto, da Coordenação dos Hospitais do Estado do Rio Grande do Sul,
representando aqui a Secretaria Estadual da Saúde, Dr. James Martins da Rosa,
que aqui representa a Secretaria do Município de Porto Alegre. Obrigado
pelas presenças.
Primeiramente,
vou conceder a palavra ao Sr. Claudio Augustin, que terá o prazo de até 10
minutos. O senhor pode usar a tribuna ou este microfone, como quiser. Depois
concederei, pela ordem, ao Estado e ao Município o mesmo tempo, para que eles
possam também colocar as suas posições em até 10 minutos. Neste momento, dou
por aberta as inscrições. Temos o limite de até dez inscrições para as
representações da sociedade civil, organizações não-governamentais, sindicatos,
pessoas físicas. Portanto, estão abertas as inscrições para aqueles que assim
desejarem.
Ver.
Carlos Todeschini, solicito que V. Exª assuma a presidência dos trabalhos por
alguns minutos, tendo em vista que necessito terminar um despacho da
presidência.
O
Sr. Claudio Augustin está com a palavra.
(O Ver.
Carlos Todeschini assume a presidência dos trabalhos)
O SR. CLAUDIO AUGUSTIN: Boa-noite a todos, gostaria de saudar a presidência dos trabalhos, na
pessoa do Presidente da Câmara, o representante do Município, o representante
do Estado, as entidades presentes, o Conselho Estadual e o Conselho Municipal
aqui presentes e a população que está aqui para acompanhar esta Audiência
Pública. Esta Audiência Pública foi uma solicitação do Sindsepe - Sindicato dos Servidores Públicos do Estado
do Rio Grande do Sul, por entender necessário fazer um debate, no Poder
Legislativo Municipal, sobre o atendimento da Saúde na região do Partenon e os
trabalhos realizados pelo Centro de Saúde Escola Murialdo. Historicamente, o
Murialdo atende à população do Partenon. O Murialdo, para quem não sabe, é um
Centro de Saúde distinto dos demais, porque reúne a função ensino; o Murialdo
forma profissionais para o Sistema Único de Saúde. Portanto, ele tem uma função
muito importante dentro da estrutura de Saúde do Rio Grande do Sul. Com essa
característica, quando ocorreu a municipalização da Saúde em Porto Alegre, o
Murialdo manteve-se como um órgão do Estado do Rio Grande do Sul e continuou
atendendo à população do Partenon. Com o decorrer do tempo, a população do
Partenon cresceu de forma bastante acelerada, e a estrutura que há no Murialdo
se tornou inadequada para atender toda a população do Partenon. Com isso, há 20
anos, se discute se se municipaliza
ou não o Murialdo. Isso teve várias fases; eu não vou me deter nelas para dizer
o seguinte: hoje o quadro que nós temos é o Murialdo com uma estrutura física e
um quadro de pessoal muito aquém do necessário para atender as 80 mil pessoas
que são atendidas lá. Esse quadro de indefinição fez com que o Governo do
Estado não investisse no Murialdo, e assim as suas condições físicas estão
bastante precárias. Estamos passando, enquanto eu estou falando, alguns slides,
algumas fotos de como se encontra o Murialdo para mostrar a gravidade da
situação. Essa estrutura, que está bastante debilitada, que não tem condições
de atender a uma parcela do Partenon, tem atendido todo o Partenon. O
atendimento que se tem, que é muito precário, faz com que, muitas vezes, a
população, de forma indignada, agrida verbalmente e fisicamente os servidores
pela falta de atendimento. Assim como faltam condições de medicamentos, etc.,
etc. Então, o quadro é esse. Com esse quadro, houve uma proposta, feita pelo
pessoal que é da residência do Murialdo, preceptores, que propõem uma
reestruturação do Murialdo nos seguintes termos: que cada unidade básica,
reformada, é claro, ou seja, não com as coisas como estão, mas reformada, tendo
condições de atendimento, com o preenchimento dos novos cargos necessários para
haver uma equipe em cada posto, atenda em torno de 4 mil pessoas. Já que o
Murialdo tem hoje sete postos, isso daria em torno de 28, 30 mil pessoas; o
restante seria municipalizado. Essa é uma questão-chave no debate, porque fazer
o debate da estrutura do Murialdo que existe hoje, fazer a sua municipalização
e discutir a municipalização, inclusive do ensino, é uma questão extremamente
complexa, que, até hoje, nos últimos 20 anos, não se chegou a uma solução.
Vários Governos passaram e nenhum conseguiu encontrar uma solução que atendesse
a todos. Essa proposta - de atender em torno de quatro mil pessoas por cada
unidade que existe hoje no Murialdo, com as reformas necessárias, com o
preenchimento dos cargos necessários -, no nosso entendimento, é uma solução
plausível, interessante, que pode resolver a questão do atendimento na região
do bairro Partenon, e manter as características de ensino do Murialdo, que são
fundamentais para o Sistema Único de Saúde. Portanto, o que se está trazendo é
uma proposta de solução, e essa proposta de solução nós queremos que seja
discutida. Por outro lado, como essas questões não andavam, os servidores e os
residentes entraram em greve em julho. As unidades estiveram fechadas para
atendimento, por 14 dias, para discutir uma solução. Nesse período, foram
feitas propostas, se tentou uma negociação com o Governo do Estado, que apontou
várias questões para a solução - que iria fazer a reforma, que iria contratar
gente, que iria definir as responsabilidades do Estado e do Município -, e
todas essas questões com prazos devidamente longos. Nós estamos há quase dois
meses do início desse período de greve, e até agora não houve nenhuma
contratação. O prazo que o Estado pediu era de 60 dias para fazer as
contratações. Até agora, pelo que se sabe, ninguém foi contratado, muito menos
alguém de outros postos ou de outros órgãos da Secretaria da Saúde foram
destinados ao Murialdo, assim como as reformas necessárias - e muitas delas não
são grandes reformas, e sim correções e arrumações que não precisam de grandes
licitações, etc. -, também não andaram. Então, nós estamos num período em que
as questões de definição de responsabilidade entre o Estado e o Município não
têm andado. Por que não têm andado? A versão que a Secretaria Estadual da Saúde
nos passa é que o Município não está querendo discutir, tanto que, logo depois
de encerrada a greve, fizemos uma passeata, uma caminhada até a Secretaria
Municipal de Saúde e, depois, à Secretaria Estadual de Saúde, marcando uma
audiência conjunta. No dia da audiência conjunta, o Secretário Municipal de
Saúde estava reunido com o Secretário Estadual e, momentos antes do horário
fixado para a reunião, se retirou e disse que a posição estava com o Secretário
Estadual de Saúde. Portanto, pouco avançou nessa discussão, ao menos para o
nosso entendimento. Até pode ter avançado as negociações entre o Estado e o Município,
mas são informações que não chegaram ao público, ao mesmo tempo em que as
negociações com o Governo do Estado também estão completamente paralisadas. Tão
logo houve essa audiência – que era para ser uma audiência conjunta com os dois
Secretários, mas só estava o Secretário Terra –, nós tivemos mais uma reunião
na semana seguinte, e, de lá para cá, não há mais previsões de reuniões com o
Secretário, o que era uma das propostas que ele mesmo havia feito na mesa de
negociação no momento em que se entrou em greve. Depois disso, tivemos uma
reunião com os representantes do Murialdo, com a direção dos hospitais e com a
direção do Murialdo, em que simplesmente foi colocado novamente que as coisas
estão andando, que os processos foram abertos, que estão andando os processos
administrativos. Só que abrir processo e ter a solução do problema são duas
coisas completamente distintas. Nesta Audiência Pública – o meu tempo está
esgotado –, eu concluo dizendo o seguinte: é uma forma muito concreta que
encontramos de tentar fazer com que esse debate se torne público, que esse
debate tenha uma solução, porque, no fundo, no fundo, quem sai prejudicada é a
população do Partenon, que não tem atendimento, e os servidores do Murialdo e
os residentes do Murialdo, que não têm as mínimas condições para o atendimento
dessa mesma população. Então, o que nós queremos, com esta Audiência Pública, é
que haja uma solução para esta questão. Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini):
Obrigado por seu pronunciamento. O Claudio Augustin representou aqui o
Sindicato. Agora, conforme acordo inicial, vamos passar a palavra para o Dr.
Jaime Porto, do Departamento de Coordenação de Hospitais do Estado, o senhor
também dispõe de dez minutos.
O
SR. JAIME PORTO:
Agradeço ao Presidente dos trabalhos; cumprimento meu colega James,
representante da Secretaria Municipal de Saúde; Sr. Claudio Augustin, que
representa o movimento sindical; os Conselhos Estaduais, Municipais, demais
segmentos, até os próprios Conselhos Distritais, que nós já temos feito vários
contatos.
Sr. Coordenador, Ver. Todeschini, antes de mais
nada, gostaria de fazer um pequeno reparo, porque o Sr. Claudio Augustin disse
na sua fala que o Movimento fez uma proposta, junto à Secretaria, de limitar o
número de atendimentos nas Unidades, com isso nós estamos de pleno acordo sem
dúvida nenhuma, mas no Boletim Sindical consta que essa é a proposta do Estado.
Não, eu devo dar o mérito àqueles que fizeram essa proposta, que é o Movimento,
não foi o Estado que propôs redução a 4 mil; na Mesa de discussões, com o
Secretário, ficou acordado que seria em torno de 4 mil a capacidade do
Murialdo. Então, só para correção, porque consta no Boletim do Sindicato que o
Estado fez a proposta. Não, a proposta é de vocês, e não da Secretaria.
Eu gostaria agora de relatar para a comunidade em
que pé está. Nós temos o Processo para a Unidade 2, para compra de mobília.
Esse Processo de nº 35512406084 já está na Divisão de Compras. Quero dizer para
vocês que no serviço público não existe a agilidade que existe na iniciativa
privada ou em uma entidade privada, ele tem uma burocracia, infelizmente é isso
em qualquer setor público, seja ele do Município, do Estado ou da União. Então,
o Processo está andando sim.
O Processo de Reforma da UBS 2. Esta é a notícia
mais triste, porque para UBS 2 foi aberta a Licitação no dia 21 do mês passado,
e nenhuma empresa se apresentou para fazer a obra, então agora a Celic está
preparando novo Edital. Quero alertar para a comunidade que desconhece a
legislação que, quando as empresas não comparecem, tem que ser publicado um
novo edital, mais um, aí, depois do segundo edital, se nenhuma empresa se
interessar em fazer a obra, o Estado poderá contratar uma empresa sem
licitação, e a Celic - hoje ainda mantive contato com a Secretaria - já está
preparando o segundo Edital para que seja publicado, e, infelizmente, é o que
digo: no serviço público existe essa burocracia. E quero que a comunidade saiba
que o Processo da Unidade 2 é o de nº 1847-2000/08-2. Então, a Unidade 2 não
está ainda em obras, porque justamente houve deserta licitação. Nós vamos ter que esperar
prazos legais, publicar de novo, e aí, então, o Estado está liberado para
contratar uma empresa para fazer.
Com
relação à contratação de funcionários, o processo está tramitando, o plano de
carreira, que também é um pedido dos funcionários - não é tanto das unidades,
mas dos funcionários -, eu devo dizer aos funcionários que recebi hoje a
informação de que até o último período viável da Legislatura da Assembléia
Legislativa, será encaminhado à Assembléia, por parte do Governo do Estado, um
plano de carreira para todo o funcionalismo do Estado. Então, até o final do
ano, será encaminhado um novo plano de carreira para todo o funcionalismo do
Estado, que será encaminhado, logicamente, à Assembléia Legislativa.
O
Processo “Risco de Vida”, n° 34925-2000/05-8, encontra-se anexado ao Processo
n° 107867-2000/07-7 está no GAE – Grupo de Assessoramento Especial. Esse é um
grupo de pessoas representando a Secretaria de Planejamento do Estado, a
Secretaria da Administração do Estado, a Secretaria da Fazenda do Estado, que
fazem o estudo do impacto na folha e discutem a viabilidade desse processo. A
expectativa da Secretaria - posso dizer aos funcionários - é ótima, realmente
aquele risco de vida vai ser ampliado de 20% para 25%.
E
quero dizer também à comunidade que hoje, em reunião no Murialdo, nós tivemos a
informação - por parte da Direção do Murialdo - de que toda a reposição de
medicamentos nas farmácias foi realizada, mas há o seguinte: nós só passamos,
agora, a fornecer medicamentos para as pessoas cadastradas nas unidades. Antes,
havia alguns atendimentos que não eram das unidades; agora, não, está reposto o
estoque de medicamentos, mas serão atendidas só as pessoas cadastradas nas
unidades.
Eu
acredito, Sr. Presidente, Sebastião Melo, com relação à própria questão da
municipalização, que passou, inclusive, por gestores que estiveram no Poder
Municipal e não municipalizaram; estiveram no Governo Estadual, os mesmos gestores,
e também não municipalizaram. Foi-se passando de Governo a Governo, inclusive
aqueles que estiveram nos dois Governos não conseguiram municipalizar. Mas nós
estamos interessados, há um bom entendimento entre Estado e Município, foi
pedido um prazo de 120 dias para essa municipalização. O Estado continua
negociando, sim, em contato permanente, constante, com a Prefeitura, e nós
acreditamos que haveremos de chegar a um denominador em relação à
municipalização do Murialdo, dentro das propostas de parceria, inclusive.
Então,
quero dizer para vocês, em síntese, que é isso, e aos preceptores, que é um
reclamo justo dos residentes, a Escola da Saúde Pública está autorizada a
contratar os preceptores para acompanhá-los nas suas atividades de trabalho.
Era isso no momento, Sr. Presidente.
(O Ver. Sebastião Melo reassume a presidência dos trabalhos)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Agradeço ao Dr. Jaime Porto. O Sr. James, pela Prefeitura, está com a palavra.
O
SR. JAMES MARTINS DA ROSA: Boa-noite,
Sr. Presidente, demais componentes da Mesa, Srs. Vereadores, comunidade
presente, representantes dos Conselhos e Sindicatos, eu gostaria de iniciar a
minha fala, Sr. Presidente, fazendo a leitura do Relatório Final, de 15 de
agosto de 2001, sobre os Estudos de Viabilidade e da Municipalização do Centro
de Saúde Murialdo. (Lê): “A Comissão de Estudos para a municipalização do
Centro de Saúde e Escola Murialdo, após reunir-se por mais de um ano, embora
não tenha concluído, como o esperado, sua atividade, considera que o processo
de discussão foi importante para o amadurecimento de uma proposta inovadora de
gerenciamento de um espaço público que precisa conjugar formação de recursos
humanos e atenção à saúde, respeitando os princípios do SUS. Ocorrem avanços no
sentido de consolidar o Murialdo como um Centro de Capacitação e Formação de
Recursos Humanos em Saúde Coletiva, mas há divergências quanto ao modo de
gestão e gerenciamento dessa instituição, não puderam ser separados, obrigando
a Comissão a remeter a discussão para fóruns políticos de negociações
hierarquicamente superiores”.
Esse
Relatório, de 2001, demonstra, para todos nós, a dificuldade, nesses anos
todos, de fazer com que esse processo aconteça.
Nós,
de parte do Município, e isso nunca foi negado em momento algum, tanto pelo
Secretário como pelas representações que estiveram presentes às reuniões, de
que nós temos interesse, de que nós queremos fazer, e eu acho que agora, após
os 120 dias estabelecidos pelo Estado, e, imediatamente após esse prazo ter
sido anunciado e estipulado, nós reiniciamos todos os trabalhos e estamos
renegociando as questões com o Estado, dentro de condições que nós, tanto o
Município, Estado e comunidade, possamos todos ter um resultado adequado onde
todos possam ser atendidos.
Então,
nós estamos com as negociações abertas, trabalhando, nos reunindo, e eu acho
que neste período de 120 dias estabelecidos nós deveremos ter um resultado
final para poder concluir esse processo que se arrasta há tanto tempo. A gente
sabe que não é muito fácil, que isso tem uma série de variáveis e implicações,
muitas Administrações passaram e não conseguiram resolver, e nós estamos
dispostos a resolver, junto com o Estado, dentro de uma lógica responsável, e
que nós possamos, nesse processo, ter um final em que a população não venha
mais a sofrer com questões de assistência, principalmente assistência, que é a
parte que a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Saúde tem obrigação. Então,
Presidente, depois da fala do Dr. Jaime, eu fico à disposição para responder
algumas perguntas, mas inicialmente seria esta a nossa fala com relação à
questão da municipalização.
O
SR. ALDACIR OLIBONI: Queria
saudar inicialmente o nosso Presidente da Câmara Municipal, Ver. Sebastião
Melo; o Sr. Claudio Augustin; o Sr. Jaime, representando a Secretaria Estadual
de Saúde; o Dr. James, representando a Secretaria Municipal de Saúde; colegas
Ver. Dr. Raul e Ver. Todeschini; entidades aqui representadas, solicitei para
falar antes, porque fiquei, como Vereador, bastante indignado e decepcionado
com a proposta trazida aqui pelo Governo do Estado e pelo Secretário Municipal
de Saúde, representado pelo James.
É lamentável, e diziam eles aqui que muitos
Governos passaram e não fizeram a municipalização, mas, de todos Governos que
passaram, seja Municipal ou Estadual, nenhum deles fechou unidade de Saúde.
Agora, recentemente, várias estão fechadas, inclusive aquele cartaz diz muito
bem: “Terceiro óbito na Vila Vargas, Unidade de Saúde 2 fechada”.
O nobre representante do Estado, Dr. Jaime, disse
que as licitações são demoradas. Lá, quando houve o movimento dos trabalhadores
em busca de melhores condições de trabalho, e, mais do que isso, em busca de
reposição de vagas em aberto e que não foram chamadas, tendo um concurso
público em vigência, Dr. Jaime, não havendo necessidade de contratação, mas,
sim, chamar do concurso público, já poderiam ter feito, sim, há mais de 60
dias. Há mais de 60 dias há esse movimento e não há, sequer, nenhum movimento
do Estado para as reformas, nem mesmo as telhas quebradas foram trocadas para
que deixe de chover para dentro da Unidade. Então, dizer aqui, ou transferir a
culpa, porque uma licitação é demorada, é falta de criatividade, e mais do que
isso, eu gostaria de ver os editais para verificar quando foram publicados e
para quais empresas foram comunicadas para saber se de fato houve interesse das
empresas ou não.
Esta Câmara não vai conviver com esse descaso na
área da Saúde, até porque a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, a Presidência e
a Câmara estão muito preocupados com esse descaso, tanto de um Governo quanto
do outro, pela não-municipalização e pelo não-atendimento das reivindicações
dos trabalhadores, que foi feito pela comunidade naquele momento. Portanto,
James, se foi dado um prazo de 120 dias para municipalização, é preciso que
tenha, no mínimo, bom senso e que haja um cronograma de atividades, de
reuniões, em que participem os trabalhadores, através do Sindicato; participem os trabalhadores, através
das Unidades de Saúde; participem os entes interessados, que é o Conselho
Municipal de Saúde, o Conselho Distrital de Saúde, que é o controle social, e
que a Câmara também se faça ser representada. Eu não estou vendo, aqui, não é
por que é um período eleitoral, poderia, até, ter o bom-senso de ter tido
algumas atitudes para agilizar, mas não é o caso; o caso é que vem há muito
tempo esse descaso com as unidades de Saúde fechando, e 80 mil pessoas com
atendimento médico precário ou sem o atendimento médico.
A
proposta trazida aqui, e que agora nos traz uma certa indagação e preocupação,
é de que as unidades, essas, reabertas, atenderiam no máximo quatro mil
pessoas. Num universo de 80 mil, onde ficariam as outras 52 mil pessoas? Alguém
tem que assumir. Vamos e venhamos, Dr. James, o Município é o gestor, tem que
dizer para nós onde estas cinqüenta e poucas mil pessoas vão ser atendidas. Ou
vamos continuar com isso até o final do ano ou até alguém tomar conta do Poder
Municipal, isto é, da Prefeitura? Isso é um descaso, isso é um desrespeito,
essa é uma atitude desleal e, mais do que isso, uma atitude que não condiz com
a realidade do Parlamento e com o Governo Municipal, seja ele qual for. Alguém
tem que assumir. Por esta razão, nós fazemos, aqui, um apelo, e acredito que os
Vereadores, nesse sentido, o farão, para que V. Exas conversem.
Estão, aqui, um ao lado do outro; não vamos fazer como os dois Secretários,
que, em várias reuniões, aqui, acabaram brigando. Ofereceram 300 mil mensais
para municipalizar, e não foi municipalizado. Afinal de contas, nós queremos
saber qual o cronograma que vocês estão discutindo para a municipalização,
coisa que nós, enquanto sociedade, não sabemos.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Concedo
a palavra à Srª Eliane Paim, Coordenadora do Conselho Distrital de Saúde
Partenon.
A
SRA. ELIANE DE MIRANDA PAIM: Sr.
Presidente, boa-noite; boa-noite à Mesa; boa-noite à comunidade. Mais uma vez
eu estou aqui, nesta Casa, para reclamar, questionar e fazer uma investigação.
Eu, como Coordenadora da Saúde do Partenon, estou aqui para denunciar,
testemunhar, aos senhores, sobre a realidade da Saúde do bairro Partenon. Como
Coordenadora da Saúde, vivo nos locais, junto com a comunidade, e eles precisam
de Saúde pública, e também participo da via crucis das pessoas para
agendarem uma simples consulta, um encaminhamento para um especialista, ou para
conseguirem os remédios.
Os
burocratas do Município apregoam que a Saúde está uma maravilha. Prestem
atenção nas propagandas. Grande mentira! A Prefeitura e a Secretaria, através
dos seus assessores, só enrolam, são burocratas de gabinete, não vivem a
situação dos locais, pois nunca foram, uma única vez, a esses Postos; há uma
irrealidade total.
Existem
14 Postos de Saúde no bairro Partenon. Somando todos, não valem 30%, e é o que
nós temos lá. As carências são muitas. Os sete Postos do Murialdo são escolas,
dividem o atendimento com as escolas, com os residentes, com os estagiários.
Das cinco UBSs - Unidades Básicas de Saúde - do Município, uma é de Saúde
Mental, inaugurada há um ano. Dos sete Postos do Murialdo, do Estado, para
serem municipalizados, um já está fechado. Daí vocês podem ver como é que está
a Saúde por lá. Para a municipalização dos Postos do Murialdo, a Secretaria
Estadual e o Município continuam com o jogo de empurra. Nada é resolvido. Foi
proposto, pelo Estado, o atendimento de quatro mil pessoas por Posto, sendo que
o atendimento atual é de 80 mil pessoas - notem que vai faltar atendimento para
52 mil pessoas. Quem é que vai atender a essa comunidade? Quem vai atender vai
ser o Estado ou vai ser o Município? Quanto tempo será necessário para montar
uma estrutura? Como ficarão essas 52 mil pessoas, à mercê dessa falta de
interesse?
Agora
vocês prestem a atenção, porque eu já estou falando em Município. A UBS São
José luta pela construção de um Posto, há três anos - e eu falo, porque é
Partenon, que é onde o pessoal do Murialdo se socorre; para essa UBS da São
José. Lutamos pela construção do prédio há mais de três anos. É vergonhoso como
nos tratam. A comunidade conseguiu um terreno. A comunidade decidiu em ato
público. Nós ganhamos uma Emenda Parlamentar de 190 mil. O projeto ainda não
está concluído. A assessoria de projetos da SMS é a condição que a Prefeitura
recebe o valor.
Temos
a informação de que o Prefeito e o Secretário mandaram parar a construção dessa
UBS. Para continuar, nós temos que conseguir dinheiro, e para os outros postos
nós temos que conseguir terreno. Onde é que nós estamos? Onde é que nós vamos
parar? Onde é que a comunidade carente, pobre, do Partenon, vai parar? Os
postos do Murialdo estão nesse estado que vocês podem ver, caindo aos pedaços,
é só olhar ali, tem provas.
As
UBSs estão uma porcaria e há falta de respeito para com a comunidade, pois nem
sequer dizem se sim ou não, se vamos fazer ou não. A construção da UBS São José
está trancada. Eu descobri, porque telefonei, e até agora não recebi resposta.
A única resposta que eu recebi foi esta, de que o Secretário e o Prefeito
mandaram trancar. Ou nós conseguimos dinheiro para a construção, ou não vamos
ter nada. Agora, vocês vejam como é que vão ficar os postos do Murialdo, dependendo
do Município, como é que vai ficar a comunidade? Obrigada.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registro
a presença do Dr. Gustavo Soares, Coordenador-Geral dos hospitais da Secretaria
da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul.
A
Srª Maria Letícia de Oliveira Garcia, Coordenadora do Conselho Municipal da
Saúde de Porto Alegre, está com a palavra.
A
SRA. MARIA LETÍCIA DE OLIVEIRA GARCIA: Boa-noite, Sr. Presidente; boa-noite componentes da Mesa;
representação da Secretaria Estadual da Saúde, da Secretaria Municipal da
Saúde, do Sindsepe, boa-noite a todos. Em nome do Conselho Municipal de Saúde
de Porto Alegre, que é órgão permanente e deliberativo do Sistema Único de
Saúde na Cidade, nós estamos aqui trazendo a posição do Conselho, que foi
deliberada em Reunião Ordinária do dia 21 de agosto, onde decidimos por solicitar
ao Ministério da Saúde a intermediação nesta questão, por entendermos que é uma
questão por demais importante. Enviamos, ao Ministério, uma solicitação, que
passo a dividir com vocês (Lê.): “O Conselho Municipal de Saúde de Porto
Alegre, no uso das suas atribuições, que lhe conferem a Lei nº 8.080, a Lei nº
8.142 e a Lei Municipal Complementar nº 277/92, expõe o que segue. O Município
de Porto Alegre assumiu a Gestão Plena da Saúde em 1996. No entanto, na
ocasião, não foram municipalizados diversos serviços que estavam sob gestão
estadual, sob gestão federal, situação que perdura até hoje. No entanto, alguns
desses serviços são prestadores de Saúde na área da Atenção Básica, como é o caso
do Centro de Saúde Escola Murialdo, que congrega sete unidades de Saúde sob o
pretexto de ser um serviço que tem, na sua finalidade, a formação de recursos
humanos para a Saúde. A municipalização desses serviços já foi discutida e
deliberada em todas as Conferências de Saúde realizadas no nosso Município, mas
isso não foi suficiente para que os gestores públicos de Saúde assim
encaminhassem a solução para este dilema, que, cabe ressaltar, já mereceu
vários estudos e propostas, no entanto sem acordo entre as partes. Assim,
assistimos às diversas mudanças de Governo, tanto na esfera municipal como na
estadual, se sucederem, sem, no entanto, haver um encaminhamento definitivo
para este problema. Atualmente, a situação agravou-se, pois as condições dos
prédios em que funcionam os serviços estão bastante deterioradas pela falta de
investimentos; as equipes desfalcadas, em função das aposentadorias ocorridas
neste tempo de espera, e a residência multiprofissional em crise, em função
destas mesmas condições. O processo de negociação entre os gestores chegou a um
impasse, na medida em que a Secretaria Estadual de Saúde apresenta uma proposta
de municipalização compartilhada, onde o gestor estadual se compromete a um
repasse de R$ 300 mil mensais, a título de investimento na infra-estrutura, por
um período de 12 meses, além dos recursos humanos e outras despesas que serão
mantidas pelo prazo dos contratos vigentes, além da manutenção da residência e
dos recursos humanos vinculados ao ensino. No entanto, o gestor municipal não
aceita a proposta, alegando que os repasses são insuficientes, e exige a
quantia de R$ 500 mil mensais, como se esta fosse a questão principal. É
importante relatar, ainda, que os gestores têm tido muita dificuldade em
negociar, sendo infrutíferas as tentativas de ‘conciliação’ das partes. O que
resulta em prejuízo da população, que se encontra absolutamente desassistida. A
Secretaria Estadual de Saúde, diante de um movimento de greve realizado pelos
trabalhadores do Centro de Saúde e Escola Murialdo – CSEM, recentemente definiu
que continuará a atender a população, utilizando os recursos que
disponibilizaria para o Município, aplicando-o na recuperação física das
Unidades. No entanto, argumenta que com os recursos humanos existentes, não
pode atender a população total, que hoje é referenciada para estes serviços por
conta da territorialização da Cidade, definida pelo gestor municipal, o que
certamente não tem o acordo dos usuários, nem deste Conselho. O Conselho
Municipal de Saúde, diante desta situação, ingressou com representação junto ao
Ministério Público Estadual, inclusive referendando a decisão do Conselho
Distrital do Partenon, de aceitar a proposta de municipalização apresentada
pelo gestor estadual na Comissão Intergestores Bipartite - CIB/RS. A Promotoria
ingressou com processo de Ação Civil Pública, solicitando, inclusive, a
antecipação de tutela, na medida em que a população está absolutamente
desassistida. No entanto, a Justiça não concedeu o pleito, e aguardamos ainda
que seja julgado o desenlace desta questão. Queremos salientar que, no nosso
entendimento, não há como o gestor municipal esquivar-se da responsabilidade
que tem pela população de toda a Cidade, uma vez que recebe os recursos do Piso
de Atenção Básica – PAB, referentes a toda a população.” Portanto, este é o
Ofício que nós encaminhamos ao Secretário de Gestão da Secretaria do Ministério
da Saúde, de Gestão, Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde. Então,
este é o texto solicitando esta reunião de intermediação, ao que já recebemos a
resposta afirmativa e positiva de que teremos todos os gestores na Mesa,
agregando a presença do Conasems e do Conace - que inclusive é presidido
pelo nosso Secretário Estadual da Saúde -, agregando ainda a presença do
Conselho Nacional de Saúde, para, então, procedermos ao início das negociações
e, pelo menos, é o que se espera. Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Dr.
Raul está com a palavra.
O SR. DR. RAUL: Boa-noite a todos e a todas!
Ficamos um pouco cansados de tanto lutar e não vermos um resultado efetivo. De
quantas e quantas reuniões nós já participamos? Nós já trabalhamos lá no
Murialdo, também, tentando sanar a questão de lá; mas as coisas, realmente, no
serviço público são muito difíceis. E eu digo que, talvez, o momento, agora,
seja oportuno; e quero saudar a intervenção do Conselho Municipal, da Letícia,
enfim, no sentido de buscar a parceria do Ministério da Saúde para mediar esse
processo. Porque nós estivemos muito próximos, quando do Secretário Pedro Gus,
de haver a efetiva municipalização do Murialdo. Houve a troca do Secretário,
houve uma mudança de foco na negociação. E todos nós que estamos militando, eu,
como médico, trabalhando lá na região, não podemos, realmente, conviver com a situação
de dificuldade em todos os níveis. Na realidade, a dificuldade lá é geral, eu
sei, porque eu já fui de unidade do Município, também, e, realmente, a unidade
do Município, pelo menos as unidades básicas, dão uma cobertura, dão um
atendimento que, se não é o ideal, é um atendimento bem superior ao que se
consegue, hoje, prestar nas unidades do Murialdo. E todas as pessoas que
dependem do Murialdo são penalizadas, infelizmente. Por quê? Porque há
problemas na preceptoria, há problemas com os funcionários, há problemas na
estrutura, que é precariíssima em algumas unidades - a Unidade 2 é um exemplo
claro disso -, existem outras unidades pequenas que não dão a resposta que
deveriam dar, há outras unidades que são um pouco melhores, mas que são
alugadas, locadas e não estão dentro daquela estrutura que nós gostaríamos que
fosse o atendimento público. Então, eu acredito, assim, que a luta é realmente
de todos, é dos funcionários, é nossa, é dos Vereadores, não é à toa que nós,
aqui – e o Ver. Aldacir Oliboni é um parceiro nessa área há muito tempo -,
tivemos, na semana passada,
uma Moção de Apoio de todos os Vereadores, aprovada por unanimidade, para que
haja a efetiva municipalização do Murialdo. Então, eu acredito que o assunto,
na realidade, está maduro; mas eu, pessoalmente, acreditei que ele já estivesse
maduro em outras vezes, e isso não aconteceu. Então, eu acho que não podemos
desistir, acredito que haverá uma outra capacidade de negociação agora, e que
todos juntos consigamos melhorar a saúde pública da Zona Leste da nossa Cidade,
do Partenon, que não é, especificamente, apenas o Murialdo, mas nós sabemos que
precisamos da reforma de outras unidades, precisamos da implementação de PSFs,
precisamos fazer a Unidade São José realmente ser uma unidade e não um moquiço,
eu diria assim. Porque a Unidade São José, a gente que visitou lá sabe o que é,
é extremamente insalubre, é um lugar onde a gente não consegue trabalhar com
dignidade. Eu diria assim: a criança que chega lá para uma nebulização por
asma, arrisca sair com uma pneumonia, porque, na realidade, é muito difícil o
trabalho lá. O que eu quero dizer a todos é o seguinte: que a gente,
independente da questão partidária ou do quer que seja, o nosso partido, como
médico, sempre foi o partido da Saúde, e sempre vai ser. E estamos lutando para
que juntos consigamos avançar nesse processo, e acredito que vamos conseguir.
Na realidade, uma vez que melhore a situação, o benefício não é de nenhum de
nós, o benefício será sempre da comunidade, principalmente, da comunidade do
Partenon. É isso.
O
SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O
próximo inscrito pela comunidade a manifestar-se é a senhora Rosa Helena
Mendes, que é membro do conselho local da UBS-2, Vila Vargas.
A
SRA. ROSA HELENA MENDES: Boa-noite
à Mesa, boa-noite a todos. Como já ouvimos várias falas aí, eu vou falar só um
trecho, porque tenho outras colegas que, com certeza, terão muito mais para
dizer da nossa comunidade. São 130 dias que estamos sem o posto de saúde; e o
pior: temos um posto de saúde que atende apenas dez fichas, isso quando se
consegue. Quando não se consegue, não temos para onde ir, porque em qualquer
lugar que se vá, nos dizem: “Esta não é sua área, portanto não podemos lhe
atender, procure outro posto”. Ou quando – pior! - não temos passagens para ir
a outros postos, que são bem mais longe, como o da Lomba do Pinheiro, o da
Cruzeiro, o da Bom Jesus – para ir a qualquer um deles, pagam-se duas passagens
para ir e duas passagens para voltar.
Dentre
essas pessoas da comunidade, temos famílias que, às vezes, têm que escolher
entre comer ou levar o seu filho ao médico. De qualquer forma, se fica mal, não
é? De qualquer forma, pode-se vir a adoecer ou morrer. Nessa situação não dá
mais para ficar. E nós estamos perguntando: até quando vamos ficar assim? Até
quando vamos esperar que o Secretário abra os olhos e faça alguma coisa por nós
e nos enxergue? Enxergue aquelas mães, aquelas gestantes, aquelas crianças,
aqueles idosos, muitos deles portadores de deficiência física ou portadores de
doenças crônicas, que não têm condições de sair do local, da comunidade. Muitos
desses, necessitando de receitas renovadas, porque precisam dos seus remédios
adequados, em tempo certo, porque, senão, a doença aparece, o problema aparece
e eles não conseguem se manifestar, muito menos sair de seus locais.
Eu
me esqueci... Eu estava me esquecendo de que o Secretário não se importa com
isso, não é? Ele tem o particular! Com certeza, ele está bem, está bem suprido,
bem melhor do que nós, que estamos lá necessitando no dia-a-dia. Gostaria de
que o Secretário pensasse bem, porque ele tem onde buscar ajuda para os filhos
dele, para a esposa dele e para ele. Boa-noite, obrigada. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini):
A Srª Marília Fidel, Conselheira do Orçamento Participativo, está com a
palavra.
A
SRA. MARÍLIA FIDEL: Boa-noite
a todas, boa-noite a todos, à Mesa. Gostaria de que a minha fala também pudesse
ser ouvida pelo representante do Município, que ele pudesse dar entrevista
depois, porque o momento agora é da nossa comunidade. (Palmas.) Obrigada.
Em
primeiro lugar, sou Marília Fidel, Conselheira do Orçamento Participativo, mas,
antes disso, sou moradora da Vila Maria da Conceição. E, como muitos que estão
aqui, estou lutando, há muito tempo, pela melhora da Saúde na nossa região.
O
Partenon parece que tem sido motivo de descaso até na forma como foi
construído. Primeiro, jogaram um sanatório de leprosos lá; depois jogaram um
presídio; depois os quartéis - assim está sendo construído o Partenon. E agora,
quando se fala em Saúde, que é prioridade de todos os candidatos, parece que
eles esquecem de ir lá ver como está, antes de irem para a rádio, para a
televisão dizer o que vão fazer pela Saúde; isso tem sido o carro-chefe de
várias campanhas, Secretário. E não podem dizer que a Vila não dialoga, que a
Vila não conversa, que só sabe dar pau e fechar rua; na Maria da Conceição nós
nunca fizemos isso, mas fizemos várias reuniões e recebemos várias promessas, e
nenhum atendimento!
Aí
vem o discurso, companheiros aqui do Sindical e da comunidade da Vila Maria da
Conceição, da Vila Vargas, da São José, vileiras como eu, que sabem o que é ser
uma mulher de vila, e bater pé para buscar uma ficha para uma criança onde tem
só quatro fichas! Na Maria da Conceição são quatro fichas para a pediatria,
companheira do Conselho da Saúde! Vocês sabem o que é isso? Para um zoneamento,
como falou bem a Rosa, com 27 mil moradores? Onde é que nós vamos parar? A
prevenção fica onde? Para a ginecologista são dez fichas, tem que ir às 4h da
manhã! Se conseguir uma consulta para uma mulher com uma dor no útero, quando
ela chegar a ser atendida, ela tem que tirar o útero, porque o câncer já tomou
conta! E é assim que está acontecendo nas nossas comunidades! Teria que ser
prevenção, mas tem sido decretada a morte e a mutilação das nossas mulheres das
vila! Sem falar das crianças. Aí, quando uma mãe desesperada chega com o filho
nos braços às dez para as cinco, e cinco horas vai fechar o posto, mandam para
o Postão, e ela quer agredir, aí ela é violenta, ela é bagaceira, ela é
vileira! Mas mais agressão e mais violência do que negar o atendimento para uma
criança, até uma nebulização, isso é pior do que um tapa, do que um soco! Não
defendo a agressão, mas isso, para nós, é a maior agressão! (Palmas.) Aí eu
quero perguntar: para que tanto estudo, para que tanta faculdade, se os
administradores não têm capacidade de direcionar o dinheiro para onde precisa?
Mesmo nos hospitais particulares, mesmo nas universidades particulares, tem
filantropia, tem dinheiro público, e não venham dizer que pobre não paga
imposto, porque, se comprar uma cebola no bar, um tomate, um copo de vinagre,
nós estamos pagando imposto! Nós estamos pagando imposto! E temos direito, sim,
à saúde! Não é possível que lá na PUC uma porta atenda a Unimed, e a outra, o
SUS! Gente, numa porta com roupinha bonitinha, aguinha, tailleurzinho, e, na outra, nem cadeira para sentar! Eu tenho
Unimed e eu tive a oportunidade, infelizmente, de ter a Unimed por trabalhar na
Trensurb, e me neguei a ser atendida daquela forma, quando eu vi as minhas
companheiras da vila jogadas na sala ao lado, sem direito à dignidade humana,
sem respeito! Quando uma pessoa vai para um hospital, para um médico, ela não
vai para passear, não vai para fazer fofoca; vai porque não tem outra opção!
Porque acabou o remédio para febre, porque acabou o remédio para dor:
automedicação! Tanto se fala que as pessoas não devem se automedicar, mas não
tem médico, não tem atendimento, não tem respeito pelo ser humano! Pobre é
sinônimo de política pobre: “Se tu quiser, te vira com AAS, toma uma cachaça e
vai dormir com dor, mas não vai no médico!” Não dá! Eu voltei a disputar o
Conselho do Orçamento Participativo, companheiro Alexandre, pela vergonha que
estava o bairro Partenon, pela falta de representatividade e defesa, e, graças
a Deus, tive 80% dos votos, pela indignação do que está acontecendo! E não é
uma questão partidária, porque a questão é muito maior do que isso! Todos os
Governos quando viram Governo deixam de ser Partidos e têm que atender todo
mundo. Falar de Saúde, falar de prevenção, de que jeito, gente? De que jeito?
Os idosos foram todos para o Orçamento Participativo priorizar o PSF. Onde é
que ele está? E eu sentei com o Secretário, e ele disse que iria resolver, que
no outro dia haveria médico. Quando eu perguntei onde estava o médico - eu
disse lá para a Conselheira -, disseram que ele estava fazendo exame para
admissão. Eu acho que ele não conseguiu médico para atender ele. Só pode,
porque até hoje ele não apareceu! Aí eles querem falar das compras das fichas!
Mas como um trabalhador vai entrar na fila às quatro horas da manhã? Não dá
para ser feliz assim, e não dá para pedir para as pessoas irem às urnas para
votar em quem quer que seja desse jeito! Porque é só mentira, é só promessa! Eu
também duvido, Secretário do Estado, que não tenha... Se não tem gente
capacitada para administrar - onde é que vai o dinheiro? -, me bota lá, bota as
pessoas da vila, que elas vão saber exatamente onde falta o dinheiro; onde
falta o atendimento; onde falta a ecografia; onde falta uma ginecologista para
acabar com o câncer de útero, com o câncer de mama! Quanto dinheiro é gasto
para dizer que tu não pode fumar, quanto dinheiro é gasto em publicidade para a
Saúde, e quanto é gasto, realmente, na prevenção à Saúde?! Quanto?! Noventa por
cento em publicidade; 0,5% na Saúde em Porto Alegre. Não tem cabimento! E não
venham dizer que não tem gente capacitada. São todos estudados, formados,
diplomados. Para que serve, se não for para nos ajudar? Nós somos cobaias nas
vilas, gente! Quando fazem estágio, vão lá examinar a gente, perguntam até a
cor da calcinha que a gente está usando; mas quando se formam não voltam lá
para a vila. Somos cobaias o tempo inteiro, e nem nos hospitais nos querem mais
como cobaia agora, porque não tem vaga mais nem para nós sermos cobaias dos
estagiários, dos residentes nos hospitais. É lamentável, estou de luto com a
Saúde e estou parceira com o pessoal do Murialdo, que tem nos ajudado, que tem
tentado, mas não se faz milagre. Nem tu, Oliboni, que às vezes recebe Jesus,
lá, pode fazer milagre. Espero que Deus olhe para a mente dessas pessoas e para
o coração, e que invistam na Saúde, porque investir na Saúde real, sem mentira,
estão evitando de superlotar os hospitais. Respeito humano, nós não somos lixo,
nós somos gente, e nós não temos como roubar para pagar uma Unimed; nós não
temos como invadir um hospital e botar um revólver na cabeça de um médico para
nos atender, porque se gritar mais alto com uma enfermeira, ou com um médico,
eles mandam fechar o posto. Não pode nem gritar, nem de dor, porque o posto é
fechado em qualquer vila de Porto Alegre! É lamentável! Desculpa, mas não dá
para aceitar desculpas. Se não resolverem a questão do Murialdo e a questão do
nosso Posto de Saúde, nós teremos que ir para as ruas, sim, porque parece que
só gostam de ver as ruas fechadas, atrapalhando o pessoal que tem que ir para
casa descansar. Mas parece que vocês só entendem a agressão, a posição radical
das coisas, e radical é o abandono das nossas comunidades! (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): Vou
pedir para que as pessoas se mantenham no tempo, porque o critério é igual para
todos.
A
Srª Felicidade Deolinda Rodrigues está com a palavra.
A
SRA. FELICIDADE DEOLINDA RODRIGUES: Gente,
boa-noite a todos e a comunidade. Eu faço parte da UBS2, mas eu sou fundadora
da UBS4. Mas não sei por que cargas d’água me colocaram na UBS2 - o que eu vou
fazer? -, que está a 20 quadras longe da minha casa. Mas o importante é que eu
gostaria que a Saúde estivesse boa e ótima, só que a UBS2 está às traças na
Vila Vargas, assim como as outras UBS. Não atendem as mães que têm seus filhos
recém-nascidos. Dizem: “Vai para a fila”. A mulher tem três, quatro crianças,
gente, como é que vai para a fila com bebezinho pequenininho para ser atendida?
Aí ela vai para casa, prefere tomar uma pílula que faz mal ou tomar aquela
injeção, sei lá eu. Mas tem um problema recente aqui, das fichas marcadas. Não
há mais como a mulher continuar assim. Imaginem, o plano familiar de que falam
tanto não consegue atender mães e filhos, imaginem o resto! Só temos o direito
à vida - como pode? Só à vida, sim.
Na
periferia, quando achamos alguém com dignidade para salvar a vida, temos que
agradecer a ele, não é gente?
O
pessoal aqui falou e pediu tanto ao Estado e ao Município. Gente, eu tenho 52
anos no lombo e nunca vi Saúde Municipal e Saúde Estadual se unirem. É um para
lá e outro para cá. Está faltando união, sim, porque hoje há hiperpopulação:
não é um, não é dois, e nem é cem – há milhões de pessoas. E onde vai parar o
pessoal que está ficando - esses cinqüenta, cem - sem serem tratados? Eu, por
exemplo, tenho epilepsia. Eu preciso da medicação. Eu preciso da receita,
gente! Eu mando alguém, porque eu não tenho uma passagem e peço que fiquem com
a minha receita lá retida, para eu buscar depois! Gente, eu não posso andar
sozinha na rua! Recentemente, eu mandei agradecer o banco, porque eu tive
epilepsia lá dentro. A ambulância me levou, e me trataram. Eu carrego esta
bolsa aqui cheia de documentos, e tenho que andar com a medicação junto,
porque, se eu não tomar a medicação, eu caio “dura”. E aí depois quem é que vai
salvar a minha vida? Ninguém.
Gente,
uma boa-noite, e vamos lutar pela Saúde; Saúde em primeiro lugar! O resto vem
atrás! Nós queremos Saúde! Chega de enganação! Chega de hipocrisia! Vamos unir
Federal, Estadual e Municipal. Chega! Agora, já! Obrigada. (Palmas.)
A
SRA. ELENIRA MARTINS PEREIRA:
Boa-noite a toda comunidade aqui presente. Gostaria de ter o dom das palavras
bonitas, mas já que não tenho, e, como a maioria da comunidade também não tem,
a gente dá uma “escrivinhadinha” aqui neste papel. É uma vergonha, não para
nós, da comunidade, que está aqui; é uma vergonha as pessoas que nos
representam, tanto no Município quanto no Estado, estarem aqui hoje sendo
obrigadas por uma Audiência Pública - obrigadas, estão aqui obrigadas! – a nos
ouvir. Eu acho que é infelizmente até que não estão os dois Secretários, embora
eles estejam representados por dois que estão aqui hoje – nós já conversamos
com eles também em outros lugares. Então, eles vão ouvir o que tem que ser
ouvido.
O
meu nome é Elenira. Eu vou ler um “relatinho”. Cento e trinta dias que o Posto
da Vila Vargas está fechado. Ele fechou para reforma, que não iniciou até
agora, prejudicando mais de 13 mil usuários. Ele está funcionando dentro do
Murialdo com apenas cinco fichas por dia. Se uma pessoa que toma remédio
controlado for trocar a receita -antigamente ela ia lá, e um médico trocava a
receita; hoje ela não vai lá fazer isso -, hoje ela tem que entrar na fila,
tirar uma ficha para ganhar uma receita. O que acontece com isso? Se eu estou
doente, e o meu vizinho vai trocar a receita e ele tem um carro, ele chega
antes de mim, que desço um morro, numa distância como daqui na Rodoviária, a
pé, de madrugada, na escuridão. Feliz do ladrão que não me assalte, porque
senão vai ficar com pena de mim e vai me dar um tostão para mim. Se eu tenho
carro eu vou tirar o lugar do meu vizinho, porque eu tenho carro; ele não tem.
Então, é isso aí.
O
desmantelamento dos postos do Murialdo já vem acontecendo há vários anos,
porém, agora, a situação está crítica, aliás, ela não está crítica, não; ela
está criminosa! Levanta aí o cartaz, Felicidade! Aquele terceiro óbito lá
(Aponta para o cartaz.), ó, na Vila Vargas, é verdade aquilo ali, nós não
estamos mentindo, não! Uma jovem gestante, com apenas 18 anos, grávida de seis
meses, teve um sangramento, foi ao Hospital da PUC, ficou dois dias internada.
“Volta para casa, querida, e procura o posto mais próximo para dar continuidade
ao tratamento.” Ela mora na esquina do Posto da Vila Vargas. Posto fechado, ela
ia ser atendida como? Subiu para o Morro da Cruz, não pertence àquela área.
Resultado: ela internou no Hospital da PUC, ganhou o William. Nasceu de seis
meses. Ficou 15 dias, porque não tinha como ela ir para casa e vir de novo para
a PUC, ela não tem dinheiro, o marido está desempregado. O William faleceu; a
jovem mãe voltou para dentro de casa, e agora ela não tem nem o atendimento
para reconsulta de novo. Então isso aí é uma situação muito grave que está
acontecendo.
Estamos
aguardando a construção de um novo posto que ganhamos. Isso é o nosso direito,
nós ganhamos pelo OP! Isso é uma falta de respeito! Quem é o culpado por esses
crimes? Isso aí tudo é crime que está acontecendo, e nós estamos falando aqui
como se só o posto está fechado! Não é só o posto que está fechado, não, gente!
Isso aí é crime! Os Secretários, os governantes que estão aí, eles foram
colocados com o nosso voto! O crime é dessa população? O que é isso, gente? Nós
ajudamos a colocar vocês nos cargos que estão! Vocês estão falando besteira
para nós! De maneira mais irresponsável e traiçoeira, vocês estão assistindo o
massacre dessa mesma população que acreditou e confiou em vocês! E ainda um dos
Secretários veio e disse: “Eu vou cuidar do posto do Murialdo como a menina dos
meus olhos”. Um Secretário cego, cego para a população pobre! O que é isso?
(Palmas.) Estão brincando com vidas humanas! São seres humanos! (Palmas.) Nós
vamos sobreviver a tudo isso, sim! Eu queria que estivessem aqui, para me
dizer. Não interessa se é do Estado ou do Município, nós moramos em Porto
Alegre, e os dois vão criar vergonha na cara! Nós não temos que ter respeito
por vocês! Vocês não tem por nós, população! E nós estamos aqui hoje pedindo,
mas nós não temos que pedir esmola! Nós não temos que ter respeito por vocês,
porque vocês não têm por nós! Cambada! (sic) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Concedo a palavra ao Sr. Carlos Airton Weber dos Santos, Conselheiro Estadual
de Saúde.
O
SR. LUCIO BORGES BARCELOS: Em
primeiro lugar, o meu boa-noite a todos os presentes; à Mesa; ao Presidente; ao
Cláudio; demais representantes das entidades; Conselho Municipal e Estadual;
pessoal dos Conselhos Distritais; eu acho que o que nós estamos assistindo aqui
é um negócio inominável! Não há muito como caracterizar isso; há uma falta de
sensibilidade, ou uma insensibilidade em relação aos problemas que a população
está passando, que é difícil de compreender por que as coisas chegaram ao ponto
que chegaram e por que não se consegue resolver isso. Uma coisa é o problema da
municipalização, que é um processo que tem de ser negociado e acordado.
Outro
problema é o da desassistência a que chegou essa região, e não é exclusividade
dessa região, é um problema do município de Porto Alegre, talvez, um pouco mais
agudo na região do Partenon.
O
fato de ter chegado a esse grau de desassistência, de desestruturação e falta
básica de pessoal, de funcionamento, de medicamentos, de estrutura, isso é um
negócio que não dá para entender. Falta, a mim, pelo menos, um pouco de noção
de como é que a gente vai entender que a coisa chegou nesse nível, que as
coisas se arrastem para mais não sei quanto tempo, e a solução vai sendo
postergada e não se chega a uma decisão.
Acho
que a decisão desse problema não está na mão nem do Parlamento, nem dos
Vereadores, nem do Secretário do Estado, nem do Município; acho que está nas
mãos da população organizada.
Acho
que o pequeno movimento que houve, eu, casualmente, acompanhei o processo, de
uma caminhada que a população do Murialdo fez à Secretaria Municipal da Saúde,
conseguindo uma audiência e sendo recebidos por um representante do Secretário,
para colocar os problemas, supunha-se que as coisas seriam, relativamente,
encaminhadas, mas não o foram.
Então
eu acho, gente, que não existe uma solução, desse nível, no Parlamento, ou de
alguma instância de Governo, porque não tem decisão política para fazer.
Acho
que temos de tomar isso como um pressuposto, uma preliminar. A preliminar é
esta: não existe decisão ou vontade política para resolver um problema, que é,
vamos combinar, extremamente fácil de resolver.
Não
tem mistério nenhum, é o problema de sentar e resolver, não é um custo
elevadíssimo que seja, assim, um investimento monumental, que exija que o
Município ou o Estado façam grandes investimentos, deixem de colocar dinheiro
não sei onde para colocar nessas unidades. É um investimento pequeno, é uma
solução fácil. É um problema de decisão política e ponto final!
Quer
decidir, decide, resolve; não quer, não decide, não resolve!
Essa
desassistência e a não-resolução, acho que ela exige que a população... O que
se pode imaginar, o que se pode fazer, o que se pode propor, é que aquilo que
foi feito há um mês, ou quinze dias, que a população foi, em caminhada, até a
Secretaria Municipal de Saúde, sei lá se eram 50, 60 ou 80 pessoas, se
organizem com os conselhos distritais, as associações, ou peçam auxílio para os
sindicatos, para as centrais de trabalhadores, e façam movimento na frente da
Secretaria do Estado e Município, com três mil, quatro mil ou cinco mil
pessoas. E aí eu quero ver se o Secretário do Estado e do Município não vão
resolver este problema. Ou se põe gente na rua e a população organizada impõe a
sua vontade, ou nós vamos ficar daqui a quatro meses, nós vamos estar aqui de
novo, não é chorando, mas levantando os problemas que são problemas de décadas,
como já foram ditos, e que hoje estão num nível insuportável. Eu acho que a
solução, gente, é nós conseguirmos ampliar ou amplificar aquele movimento que
foi feito há vinte dias, com mais algumas centenas de pessoas, para reivindicar
na frente da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde,
para que se agilize e se resolva este problema. Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com
a palavra o Sr. Joel Soares, do Sindiprevi.
O
SR. JOEL SOARES: Boa-noite
aos representantes da Mesa e ao Plenário. O que se viu aqui e está se vendo a
todo o momento naquela tela, e no que se ouve aqui a cada momento os que me
antecederam dizer é que a gente está assistindo à omissão da Secretaria, do
Governo do Estado, em primeiro lugar, porque quer jogar a competência de uma
responsabilidade da região do Murialdo, da região do Partenon para a Secretaria
Municipal de Saúde. Porque o Dr. Porto aqui veio dizer que parece que está
satisfeito, que houve uma proposta de que só quatro mil sejam atendidos, quando
nós vimos que são mais de oitenta mil pessoas que precisam de atendimento
naquela região. Parece-me que ele está satisfeito com isso, em ter recebido
essa proposta. E o representante aqui, o Dr. James, da Secretaria Municipal,
parece que está satisfeito em dizer que daqui a 120 dias vai haver uma solução,
quando as pessoas daqui estão apresentando que, a cada momento, está
acontecendo óbito, pessoas estão ficando com seqüelas, não há um primeiro
atendimento lá na região, e isso tudo é, na verdade, omissão, é o caos. Ouvi
aqui um colega que me antecedeu dizer que faz 120 dias que o problema está acontecendo,
não; 120 dias faz que os trabalhadores disseram que não podiam mais agüentar
aquela carga. Estou vendo os colegas ao lado do Posto São José que também estão
na mesma situação, o posto está lá caindo os pedaços, há uma discussão lá de
que a área está para ser resolvida, e até hoje não foi! O que quero reforçar
foi o que o Lúcio veio dizer aqui, não podemos mais nos apoiar nos
Parlamentares do Governo do Estado ou do Município; temos que nos apoiar, sim,
é na nossa mobilização, é dessa forma que vamos transformar essa sociedade,
porque estamos aguardando aqui o nosso Presidente da Câmara, que é da base do
Governo Fogaça. Nós viemos pedir apoio para ele, mas até agora parece que a
situação não está se resolvendo ! O Prefeito pediu licença agora; vamos ter um
problema aqui para saber se o Secretário vai ir na audiência que a Letícia
anunciou, porque acho que ele vai ficar entre ser Prefeito ou ser Secretário da
Saúde. Agora, como Secretário, ele não vai a lugar nenhum, quando se trata da
Saúde; agora mesmo que ele não vai na audiência que a Letícia falou, porque ele
não vai saber se ele é Prefeito ou se é Secretário da Saúde. Então só para
finalizar aqui, quero dizer que agora, no dia 18, o Conselho Municipal de Saúde
está chamando para uma mobilização lá para Secretaria Municipal de Saúde, para
nós responsabilizarmos o Prefeito com relação às questões da Cidade. Não
estamos falando só da região do Partenon, que é um problema; sou morador lá do
Extremo Sul, lá temos todos os problemas. A região da Restinga está esperando
até hoje um hospital, um pronto atendimento, assim é em toda a Cidade. Se
formos fazer uma exposição ali na Esquina Democrática, vai encher de cartaz -
ninguém vai mais passar - só com os problemas da Cidade. Então, quero
finalizar, convidando os que estão aqui, e onde puder passar, nesses próximos
dias, vou chamar para essa atividade aqui, porque temos que ter os 3 mil que o
Lúcio falou, senão não vamos resolver os problemas da Cidade. Vamos à luta
companheiros! Só aqui no Parlamento, na Secretaria Estadual e na Secretaria
Municipal não vamos resolver o problema da Saúde.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Joel, frente a sua manifestação, de forma
sucinta, quero dizer o seguinte: esta cadeira da Presidência não serve nem para
ser oposição e nem para ser Governo, ela tem que ser o equilíbrio da Casa. E os
meus colegas sabem como eu tenho me postado aqui desde o início em que sentei
nela e até o final da minha gestão. Esta matéria foi fruto de uma Audiência
solicitada no recesso parlamentar, lá no plenarinho, que eu presidi e que
estava o Dr. Porto, estavam os Vereadores, estava o Dr. James e, antes de
encerrar a reunião, eu consultei os representantes do Governo Municipal e
Estadual se era possível nós fazermos uma reunião com os Srs. Secretários, com
os Vereadores e um pequeno grupo de trabalho. Os dois me sinalizaram
positivamente. Dois dias depois, eu fui falar com o Secretário, e ele disse que
já tinha falado com o Secretário Terra, que era desnecessária a reunião.
Imediatamente, veio o Requerimento da Audiência Pública, eu deferi esta e
deferirei todas as outras que forem necessárias. Então, por favor, devagar com
o andor, porque o santo é de barro. Da nossa parte, nós vamos segurar, até
porque a democracia não é a construção de maiorias eventuais, às vezes, muito
falsas. Para mim, democracia é assegurar que a minoria tenha direito de falar e
até de mudar a opinião da maioria. E eu, na Presidência da Casa, farei isso,
com toda certeza, pelas minhas convicções de luta.
Concedo
a palavra ao nobre Ver. Carlos Todeschini.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Presidente,
Ver. Sebastião Melo; Claudio Augustin; Dr. Porto; James; representantes da
comunidade, Conselho Local de Saúde; Liane Paim; Weber, do Conselho Estadual;
Letícia, também do Conselho Municipal de Saúde; os Residentes; funcionários e
todos os representantes da comunidade e Ver. Oliboni. Este assunto já está
ficando cansativo, está ficando demais. Eu quero falar como alguém que conhece
muito bem a Administração por dentro. Fui Diretor do DMAE, fui Assessor do
Prefeito, fui Vice-Diretor do DEP. Este método que o Governo, principalmente o
Municipal, tem usado de tratar como faz-de-conta as coisas é inaceitável,
porque não é esta dificuldade toda, como está sendo colocado, e muito menos o
descaso com relação à maneira de como as coisas são tratadas, porque a gente
geralmente vê o Governo do Município - que disse que ia manter o Orçamento
Participativo, as instâncias, os fóruns - mandar, de fato, os representantes,
para as reuniões, só que eles vêm para ouvir, vão embora, e nada decidem. O
poder popular está completamente esvaziado e desrespeitado, e, por isso, Dr.
James, a gente não pode aceitar isso.
É
verdade que a Saúde tinha problemas na gestão anterior, está ali uma manchete
do jornal Diário Gaúcho que diz: “O que era ruim agora está muito pior!” É o
sentimento, é o palpar, é o ver, é o cotidiano! E eu sei que era ruim e havia
problemas na gestão anterior; eu sei que não havia dinheiro também, porque se
enfrentou crises muito graves, só que hoje há muito mais recurso, há os
repasses. A gente recebe os espelhos, aqui, nós conferimos, todos os dias! O
povo não tem que pagar a conta, se a Governadora não repassa os recursos para o
Município. O Prefeito, que apoiou a Governadora, foi para a televisão e disse:
“A Governadora é melhor para Porto Alegre, é melhor para o Rio Grande.”Tem que
cobrar as contas da Saúde, que estão em atraso, não são repassadas, porque não
é o povo quem tem que pagar essa conta.
E
há outro caso bem direto e bem objetivo: a UBS São José. Nós, em 2006,
começamos uma luta, porque a comunidade recorreu aqui à Comissão de Direitos
Humanos, porque estava tentando arrumar um terreno, desafetar uma praça, e o
processo havia sido perdido, depois foi reaberto novo processo, e, depois de um
ano de negociação, com Audiência Pública, o terreno foi liberado. Conseguimos,
por Emenda Parlamentar, e o processo até agora não foi liberado, porque, em
todas as vezes que ele vai para Brasília, ele vai errado, e isso vem desde 5 de
abril do ano passado, James, e não aparece uma explicação aceitável! Então,
está errado, não dá para admitir que essa situação perdure.
Eu
não sei mais o que dizer aqui, porque nós todos somos feitos de palhaços, e não
é o Vereador quem resolve! O Vereador tem o papel de fiscalizar, de concertar,
de articular, e é o que nós fazemos. Quem tem os recursos e a autoridade para
resolver o problema é o Executivo, e ele foi eleito para isso! Desculpem-me,
mas, se ele não tem capacidade, se não tem vontade, se não tem interesse para fazer
as coisas, entreguem o Governo, entreguem os cargos! Porque certamente há
outros que têm vontade, capacidade e interesse de fazer as coisas! E é possível
fazer! Eu quero dizer que administrei um bilhão de reais no DMAE, em três anos,
e não tive nenhum problema com o Tribunal de Contas, porque todas as contas
foram aprovadas. Eu consegui fazer obras em toda a Cidade e não fiquei chorando
e dando desculpa furada para enfrentar os problemas! Nós estamos aqui há, pelo
menos, um ano e meio, sendo enrolados, literalmente enrolados. Então, mais uma
vez, talvez, nós saiamos daqui, este assunto, agora, entre no fervo da eleição
e tal, vão mais dois, três, quatro meses. Quantas audiências nós já tivemos,
como esta, sem resultado nenhum. Pelo contrário, o resultado é cada vez mais
negativo, porque cada vez mais a estrutura se degrada e nós ficamos sofrendo.
Eu não sei mais o que dizer, porque infelizmente isso está nas mãos da
autoridade. O Dr. Lúcio diz que “Ah, o movimento é importante, vamos colocar,
em vez de 200, vamos botar 300, 400, 500...” Tudo bem, mas se os responsáveis
que têm os recursos, têm autoridade, e têm o dever de fazer não fazem, não há
Cristo que vá resolver, porque a conta está toda na mão do Município e do
Estado. Obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Srª Maria Hisami Torii, da Unidade Básica de Saúde 5, está com a palavra.
A
SRA. MARIA HISAMI TORII: Boa-noite,
eu sou uma das últimas pessoas que se manifesta por algo. Eu sou o silêncio, eu
sou o que as pessoas chamam de “a calma”. Mas eu estou perdendo a calma. Eu sou
do Postinho 5, UBS 5, Murialdo. Isso tudo é fato, e contra fatos não há
argumentos. Eu tenho um receituário aqui (Mostra o receituário.) Sr.
Secretário, o meu medicamento não estava no meu posto. Eu sou cadastrada.
Explique isso.
Senhores,
a minha comunidade está muito doente, está muito indignada. Nós já perdemos
tanta coisa, que nós perdemos a fé nos políticos. Por quê? Hoje nós vimos esse
senhor dizendo que não havia problema nenhum! Cara-de-pau! O senhor é muito
cara-de-pau, porque nós estamos sofrendo na pele! Aquela caixa de amianto o que
significa? O que aquilo significa?! Seus relaxados! Todo mundo sabe que o
amianto é cancerígeno! Desleixados! Vão trocar aquela coisa! (Palmas.) Meu
Deus! Tem coisa que me indigna, coisa simples! E aquele chão imundo, o que
significa? Não é lugar para ninguém se tratar! É lugar, simplesmente... Olhem
aquilo! Isso são fatos! Isso existe! Seu cara-de-pau, dá uma olhada! (Pausa.)
Seus relaxados! Quando vão arrumar essa porcaria?! Por favor! Por favor! A
gente já não agüenta mais! A nossa população está indignada. Se eu chego para
falar alguma coisa é porque a coisa está muito grave, porque a minha comunidade
sabe que eu sou uma pessoa muito pacificadora. Mas eu vendo isso aí, me dá
nojo! Desculpem eu falar. Quantas vezes nós perdemos o nosso tempo para falar
com os Secretários? Desculpem eu falar, vocês são Suplentes, vocês são
Secretários, são Vices, vocês não são os titulares, então não adianta ser
porta-voz para vocês, eu prefiro ser porta-voz para eles. Não acreditem nessas
pessoas! Nós não vamos conseguir levar 3.000 pessoas, porque eles estão
doentes, estão sem tratamento! E tenho dito. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registro a
presença da Verª Sofia Cavedon, que acompanha também a Audiência Pública.
O Sr. João Maria Vieira, que é usuário, está com a
palavra.
O SR. JOÃO MARIA VIEIRA: Srs.
representantes do Estado, do Município, Srs. Vereadores, senhoras e senhores
presentes. Eu não sou só usuário – eu botei como usuário -, mas trabalhamos 20
anos com o Pujol e construímos aquele Posto, o UBS 2. Ele funcionou muito bem.
Nos últimos anos, as pessoas foram progredindo. Eu fiz um recenseamento lá,
casa a casa, eu consegui 760 casas. Agora, se multiplicar por quatro, quanto
daria, só dentro da Vila Vargas? Os números contam. Então, há defasagem no
Posto, ele não está atendendo 1%, é péssima a situação, porque é um desleixo do
Poder Público. Não me interessa se é o Estado ou o Município! Isso é falta de
sensibilidade para com o seu povo! Como é que na hora do voto, na hora de ir
para a televisão, está tudo bem! Saúde! Eles vem lá, são os “salvadores da
pátria”: é saúde, é segurança! Agora, se nós pararmos para identificar? É
triste! É muito triste! Porque é só mentira! Só promessa e mentira! Então, a
minha maneira de ver: a mentira é o espelho do mal, do espelho do mal passa
para a traição, porque a pessoa que prometeu não cumpriu, passou para a
traição; e da traição ele passa para o crime, porque está matando o povo,
porque tudo o que o povo consumir ele vai estar pagando imposto. E cadê a
retribuição social? Fica no meio do caminho? Aí os políticos – todos os
políticos, eu já irmano todo o mundo – dizem: “Votem bem!” Em quem? Eu
pergunto. Alguém pode me dizer em quem nós podemos acreditar? É indefinido, não
é? Não é mais possível! Vamos ver se o Poder Público cria, pelo menos, uma
harmonia de consciência, independente de partido porque partido é partido, e
povo é povo! Povo é irmanado, é família, é carente, porque é um povo pobre! E
por que virar as costas para esse povo? Mas na hora do voto estão correndo,
abraçando, fazendo mil promessas, o que é o espelho da deslealdade, porque
quando a pessoa promete e não cumpre, deixa a desejar. E não é de um ano para
outro, isso vem se arrastando há todo este tempo, pois moro há 42 anos em Porto
Alegre. Então acho que o povo já falou, já está cansado, é só mais uma palavra
de indignação de minha parte. Eu gostaria que as pessoas tivessem um pouco de
consciência, todos os políticos, porque o pobre tem consciência, ele reparte o
pão com dois ou três meninos. Por que o Poder Público, que está com o poder e
com o dinheiro na mão, não satisfaz a sã consciência social? Eu acho que dá
para parar, levar cada um para sua casa, para seus amigos e tentar prestar uma
conta, de sã consciência, com o nosso povo. Muito obrigado. (sic)
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Boa-noite a
todos e a todas. Vereador-Presidente Sebastião Melo, Claudio, representando
aqui os trabalhadores, Vereadores e Vereadoras, especialmente Oliboni e
Todeschini, que estão mais envolvidos nesta luta específica, quero fazer alguns
registros, pois a indignação colocada aqui pelos usuários tem que traduzir
nossos sentimentos. Eu me atrasei porque estava na Vila Dique, que na
propaganda da TV e prospectos está num lugar maravilhoso, e vocês não tem
noção... Fui acionada pela Unidade de Saúde da Vila Dique, pois lá é calamidade
pública, pois há mais de cem metros de lixo, por 30 metros de largura, e porque
as pessoas andam no barro ou comem pó, é um caos, é um abandono. Na Saúde, a
gente também escuta que abriram as portinhas, na verdade, de farmácia, e aí
abre-se o jornal e a Governadora Yeda ainda recebe um troféu. Eu, sinceramente,
não consigo entender: está sendo premiada, está ali na foto, Troféu Destaque, o grande anúncio de um bilhão para o
Estado.
A gente olha duas coisas
essenciais, eu diria três, porque é o meu tema, essenciais, básicas para a sobrevivência
humana, que são a vida, que é a questão da violência; a Saúde, que é questão da
vida; e a Educação. E a gente vê o caos estabelecido, o descaso, a completa
indiferença à dor humana, é o que a gente está enxergando na combinação desses
dois governos. É a indiferença, é o descaso, é o retrato do que vocês estão
passando ali e é o retrato da fala de vocês. Então, Ver. Todeschini, não sei
mais o que dizer, a quem apelar. Aí eu fico triste, vejo aqui que a maioria são
trabalhadores dos postos e algumas lideranças. E eu acho que o momento mais
importante da Saúde, no ano passado, foi o momento do PSF, quando a comunidade
lotou esta Câmara. A comunidade não se deu conta que é ela que tem que vir à
rua junto aos trabalhadores, que não têm jeito. Se há todos esses recursos
vindo, se há possibilidade de ter sido votado o teto de 22 mil, o maior teto
salarial, aqui na Assembléia Legislativa, pela base do Governo Yeda, é porque
há possibilidade de ter recursos para a Saúde. Então, eu pergunto, Cláudio:
deve ter sido encaminhado ao Ministério Público esse tema, que é de calamidade
pública, todo o sistema do Murialdo, está encaminhado? Está discutido? Há
audiência? Já existe uma ação civil pública instaurada. Então, o que nos resta?
A manifestação da cidadania, porque tudo já foi acionado. Então, só tenho isso
a dizer, Vereador-Presidente, não foram poucos os esforços em diferentes
momentos que foram realizados no sentido de se obter respostas. A situação é
grave, quando se vê a questão do óbito, não é um apelo de momento, a gente sabe
que as pessoas, de fato, estão esperando e morrendo, porque não é possível uma
ausência, um descaso, como se está enxergando, que não resulte em óbito, vai
resultar. E isso não pode ser chamado de demagogia eleitoral, o que é impressionante
é que, em período eleitoral, as pessoas já se dêem o desplante de dar bola a
uma situação tão caótica. Então, nós chegamos ao fundo do poço mesmo. A minha
proposta é manifestação pública, manifestação pública, manifestação pública,
até os governos escutarem, uma vez que todos os outros caminhos já foram
tomados. Vocês têm a minha solidariedade, o apoio, para que a gente faça isso.
Obrigada. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Nós
ouvimos todas as pessoas que se inscreveram, os Srs. Vereadores e a Srª
Vereadora, e eu passarei agora para as considerações finais da representação
Municipal, do Estado e, depois, do proponente desta Audiência. Eu queria fazer
um apelo, especialmente ao Governo Municipal e ao Governo Estadual, porque,
numa Audiência Pública, a Casa Legislativa tem a finalidade de fazer o
contraditório e apontar caminhos. Nós aqui não somos gestores da Saúde, nós não
temos a caneta na mão, mas eu tenho dito e repetido que, se leis resolvessem o
problema do Brasil, o Brasil seria a Suíça do mundo, porque tem leis para tudo.
Crise a gente resolve é com atitudes, com posturas. As manifestações dos
senhores, na verdade, ecoam milhares de pessoas daquela região Leste da Cidade,
que é uma zona muito empobrecida. O cidadão comum, meu caro Porto, meu caro
James, não quer saber se o ente é federal, estadual ou municipal, isso não
interessa para ele. Ele quer saber se tem solução! Eu acho que foi uma
conquista enorme a municipalização da Saúde em 1997. O que aconteceu foi que
todas as demais unidades foram transferidas para o Município, e, por uma
decisão política de Governo, esta continuou na mão do Governo do Estado, mesmo
sabendo que Saúde Básica é responsabilidade do Município. Não dá para discutir,
quem quer encontrar solução não fica ‘jogando pedra’ no passado. Todo mundo
aqui nesta sala tem um pouco de responsabilidade, ninguém pode se eximir dela,
agora, o importante é encontrar soluções! E esse é o apelo que o Presidente da
Casa está fazendo, eu sei da sensibilidade dos senhores. Isso aqui não é uma
CPI, ninguém convoca ninguém, as pessoas vêm convidadas. Mas esta é uma Casa
Legislativa, e uma Audiência Pública também não pode existir por existir, tem
que se sair daqui, pelo menos, com um avanço político. Então, esse é o apelo
que eu queria fazer às considerações finais dos senhores.
Quero
registrar, também, a presença do Dr. Néio Lúcio Fraga Pereira, representando a
Direção do Hospital Conceição, seja bem-vindo a nossa Audiência.
Pela
ordem, passo a palavra ao Dr. James.
O
SR. JAMES MARTINS: Em
primeiro lugar, quero responder ao nosso amigo Todeschini e ao pessoal, dizendo
que nós, hoje, tiramos do site do Fundo Nacional de Saúde o seguinte
resumo de documento (Lê.): “Solicita, por meio da proposta de Projeto, firmar
termo de convênio com o Ministério da Saúde a respeito da Emenda Parlamentar da
UBS São José”. E é bom lembrar que nós temos duas legislações em vigor neste
País desde o dia 5 de julho, onde todas as transferências de recursos estão
proibidas três meses antes do pleito. Isso se dá pela Lei Federal nº 95/04 e
pela Resolução de nº 22579, de 30 de agosto de 2007. Então, provavelmente,
todas as emendas, enquanto o pleito estiver andando, não serão repassados os
recursos. Só para deixar claro para a Dona Eliana.
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. JAMES MARTINS: Não,
o restante do dinheiro nós temos ainda uma outra negociação para fazer, para
tentar viabilizar o projeto. Isso depois nós vamos conversar. Certo?
Com
relação à pauta desta Audiência Pública de hoje, eu ratifico as palavras
iniciais, dizendo que nós vamos continuar negociando com o Estado. Eu gostaria
que, depois, o Dr. Porto desse continuidade aos encaminhamentos, para que nós,
enquanto Estado e Município, não tenhamos nenhum processo de interrupção dentro
desse prazo que ficou estipulado pelo Secretário Osmar Terra. Então nós vamos
continuar. Todos sabem que o interesse do Município é com relação à estratégia
saúde da família naquela região, e não poderia ser diferente. Nós, enquanto
Município, representando o Secretário, continuaremos negociando e vamos fazer
com que isso aconteça rápido.
Com
relação às colocações todas que foram feitas aqui, acho que eu não poderia, de
forma alguma, discordar das dificuldades que nós temos. Não podemos também
perder de vista... Esses dias, numa audiência com uma Promotora de Justiça, eu
perguntei a ela o que o Ministério Público estava fazendo neste País para fazer
com que o cidadão não chegasse até o estado de miséria, porque nós sabemos que,
infelizmente, as questões acabam estourando nos municípios, neste País. As
autoridades permitem que a distribuição de renda seja ruim, que os escândalos e
tudo o mais aconteçam neste País, então me parece que as autoridades não
tomaram as medidas necessárias para que essas coisas não aconteçam, e acabamos
nós, Município e Estado, que estamos mais perto, sofrendo com tudo isso.
Evidentemente que eu não obtive nenhuma resposta, porque não temos visto o
Ministério Público, principalmente, cobrando do Ministro da Fazenda, do Diretor
do Banco Central, essas questões todas que nós estamos vendo, e acaba o
Município de Porto Alegre, hoje, o terceiro Município em investimento per capita em Saúde do País, ainda não
conseguindo, com todo esse recurso, dar conta da situação de Saúde pública em
Porto Alegre. Então, nós estamos fazendo todo o esforço possível para que essas
questões aconteçam, e, com certeza, o Secretário, em momento algum, disse não
ter interesse em realizar essa parceria com o Estado, ou seja, gestão
compartilhada, ou assumir definitivamente, enfim. Agora, dentro desse período,
durante essas negociações, nós vamos conseguir chegar a um denominador comum.
Esse é o nosso desejo, eu acho que é o desejo de todos. Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Dr. Jaime Porto está com a palavra.
O SR. JAIME PORTO: Sr. Presidente, eu entendo bem a
indignação da comunidade, até para poder dizer para vocês que eu não tive um
berço diferente do que o de vocês hoje. Eu conheço bem a realidade do povo
pobre. Eu fui morador do bairro Glória, na minha juventude, andei muito naquela
região de vocês e conheço bem boa parte da realidade do bairro Partenon.
Gostaria de responder em partes e eu vou levar todas as demandas ao
conhecimento do Secretário.
Só
para esclarecer ao Ver. Oliboni, sobre a publicação da licitação da UBS2, ao
menos eu li, no jornal Zero Hora, do dia 21 - eu sou assinante dos jornais Zero
Hora e Correio do Povo -, uma publicação chamando as empresas para fazer as
melhorias da Unidade 2.
Quanto
à relação do chamamento dos médicos concursados, não existe dentro daquela
linha de médicos concursados do Estado a especialidade Médico de Família. Por
isso a Escola de Saúde Pública vai abrir, sim, um chamamento para contratação
de Médico de Família, pois é disso que a preceptoria precisa. Esse é um dos
motivos que tem que ser contratados por lá.
Com
relação ao que colocou a Dona Eliane, eu só vou responder, porque foi uma coisa
que me atingiu. Eu não sei se algum dia vocês tiveram tantas vezes algum
Diretor da Secretaria da Saúde tantas vezes rastreando as Unidades, fazendo
levantamento pessoalmente, fotográfica, inclusive. Eu conheço, desde agosto do
ano passado, toda essa situação que vocês têm aí, quando eu estive nas
Unidades, inclusive com a Diretora Neuza. E, há um mês, eu estive com a
Diretora Vera, substituta da Neuza, fazendo levantamento das demandas, sim. Os
burocratas andaram, sim, lá no morro, vendo a realidade, fazendo levantamento.
Inclusive, esse processo de compra de equipamentos e material foi baseado no
levantamento feito nas nossas visitas nas Unidades.
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível)
O
SR. JAIME PORTO: Muito
obrigado. Até porque nós conversamos nas unidades. E dizer também a Dona
Marília Fidel, eu acho que foi ela quem falou, sobre a falta de ecógrafo. A
sede do Murialdo, hoje, tem um ecógrafo com atendimento diário, só para
relatar.
Mas
eu quero dizer para vocês, que são 15 ou 16 pessoas que se manifestaram, que
não há condições de em cinco minutos responder a todos, mas com certeza eu sei
bem a realidade. As Unidades, aquelas que são propriedades particulares - pena
que o Antônio já se retirou daqui, o Administrativo do Murialdo -, nós tivemos
contato com todos eles e todos eles se prontificaram a fazer a reforma que
compete ao proprietário, e os equipamentos nós vamos botar lá. As Unidades 3, a
5 e a 7, se eu não me engano, são as Unidades que estão acertadas com os
proprietários. A 3 acredito que deva estar até quase concluída, pois hoje
determinei que amanhã esteja lá na 3 o nosso servidor da parte hidráulica para
fazer os reparos da Unidade 3. Todas elas estão nos processos de melhoria, sim,
nenhuma deixará. Mas não adianta nós melhorarmos, sabemos da questão da
realidade das 4 mil pessoas e a demanda que vai ficar retida. Hoje, essas 80
mil, precariamente, mal e porcamente, digo mal e porcamente porque foi nessa
situação que eu vi as unidades, digo para vocês que essas pessoas realmente nos
preocupam. Hoje, mal e porcamente aquelas unidades vão dando aquele atendimento
precariíssimo, mas nós, melhorando as unidades, quem sabe o Município trazendo
algumas equipes de médico de família, talvez a gente consiga, num prazo mais
curto, até melhorar o atendimento de toda a população para evitar que todos
demandem para lá. Mas hoje a nossa proposta é melhorar aquelas Unidades para
dar condições mínimas de qualidade para os funcionários e para os usuários. E
dizer para vocês que todas as Unidades estão, sim, sendo tocadas e levantadas.
Na Unidade 4, onde tinham ficado algumas questões para trás, já foram
concluídos os trabalhos, foi isso que me passaram na sexta-feira. E agora,
então, nós temos o problema da Unidade 2, que infelizmente, mesmo que tenha
contrariado questão de legislação, nós não podemos fugir de que temos um prazo
agora para abrir nova licitação. Eu até vou dizer para vocês, para ser mais
rápido era bom que nenhuma empresa aparecesse para poder contratar, acredito
que o serviço andaria mais rápido.
Eu
parabenizo a comunidade, continuamos abertos ao diálogo, e tenho certeza de que
os Governos do Estado e do Município, aqui, com o Dr. James, que também deverá
levar ao seu Secretário Municipal de Saúde essas demandas, essas carências, e
que cada vez mais se exige que o Estado e o Município fechem esse entendimento
para que diminua o sofrimento da comunidade de vocês. Muito obrigado.
O
SR. CLAUDIO AUGUSTIN:
Nesse encerramento, antes dos encaminhamentos desta Audiência Pública, eu
gostaria de frisar que esta Audiência Pública em nada avançou por parte dos
gestores Estadual e Municipal.
O
objetivo desta Audiência Pública era fazer um debate público das soluções para
o problema. Os dois gestores vieram dizer aqui que estão negociando, mas não
disseram o que estão negociando e de que forma estão negociando! Isso que foi
dito aqui já foi dito no momento em que se entrou em greve.
Ninguém
se apresenta numa concorrência pública para fazer aquilo que estava sendo
mostrado ali. Aquilo ali tinha que ter sido feito há muito tempo! Ou seja, não
é de agosto do ano passado! Não há o mínimo de manutenção nas péssimas
condições de estrutura do Murialdo, que não tem como atender as 80 mil pessoas
do Murialdo! Aquilo corrigido, mal e porcamente, vai conseguir atender aquilo que
está sendo proposto: 4 mil por Unidade!
Agora,
querer que os trabalhadores do Murialdo, os residentes do Murialdo continuem
atendendo a 80 mil pessoas, vai criar uma briga entre o trabalhador e a
população! Isso nós não aceitamos. Chega disso! Por que isso está assim? Porque
o Estado não gasta o que deveria gastar com a Saúde. Enquanto tem que gastar
12%, não gasta 5%! E este ano está com 3,2%! Ou seja, assim não há como
resolver os problemas! Dizer que vai resolver, que conhece a situação... Se
conhece a situação e vai resolver, por que não foi resolvida até hoje?
Houve
a necessidade de fazer uma greve, no início dessa greve foram apresentadas
várias propostas e a grande proposta foi que, depois de 120 dias, nós teríamos
uma solução para a questão da municipalização ou não, e o que vai ser
municipalizado. Será que o Secretário não sabe contar que em 120 dias daquela
data estará terminando o mandato do atual Governo Municipal? Com certeza, o
novo Secretário vai querer um prazo mínimo para poder entender o que está
acontecendo. Então, não serão 120 dias; sei eu lá quantos serão. É aquela
tentativa de empurra-empurra! Chega disso! Está na hora.... Se o
Município não quer assumir a sua responsabilidade legal de fazer o atendimento
do Partenon, que diga, e que o Estado o faça! Agora, o que não dá é um não
fazer, o Estado não assume, o Município não assume, ninguém assume, e cai nas
costas da população, que não é atendida, nas costas dos trabalhadores, que são
massacrados, pelo não-atendimento. Muitas vezes não se podem abrir os postos
porque eles não têm as mínimas condições para isso, ou seja, nós estamos num
quadro... E dizer que não pode haver contrato porque não há Médico da Família,
talvez, porque a Secretaria Estadual da Saúde não conhece o quadro da Secretaria
Estadual de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul, que tem a categoria
de sanitarista e de técnico ecologista e outros, entre os quais se inclui todo
esse pessoal que é qualquer especialidade. Isso é desconhecimento de causa!
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. CLAUDIO AUGUSTIN: Portanto,
pessoal, não há razão lógica, não há fato nenhum trazido pelos dois gestores
que justifique o descaso com essa situação. Dizer mais coisas? Eu não sei o que
dá para dizer. No momento, a única coisa que dá para dizer é que nós vamos
continuar, se necessário, fazer nova greve, vamos fazer novas caminhadas, vamos
parar de novo a Av. Bento Gonçalves, vamos fazer todo o movimento necessário
para que isso seja entendido. Chega! É muito descaso, é muita irresponsabilidade!
Obrigado.
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senhores,
existem duas solicitações de encaminhamentos. Eu peço que sejam breves,
Vereadores.
O
Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra para encaminhamentos.
O
SR. ALDACIR OLIBONI: Nobre
Presidente, serei bem rápido. Eu não vi aqui nada concreto, em curto prazo de
tempo, como vão se movimentar as duas Secretarias. Eu queria saber, primeiro:
da Secretaria do Estado, em que prazo vai atender as reivindicações dos
trabalhadores que estavam em negociação e que o Presidente acabou de dizer que
não houve nenhum avanço? É a primeira questão, isso tem um prazo. Segundo: com
relação à municipalização no Murialdo, Dr. James, o senhor falou aqui que são
120 dias. A partir de quando, até quando? Porque, em 120 dias, esta Casa vai
chamar uma outra Audiência Pública, e temos de saber dos senhores. Por isso é
que temos que saber de quando até quando; 120 dias até o final do ano já
passaram. Se já começaram 30 dias, então já temos aí um prazo que correu. Nós
temos que voltar aqui, e a Casa, nobre Presidente, quer um Relatório – estou
sugerindo aqui, enquanto Mesa, V. Exa. é Presidente da Casa – que exponha, mês
a mês, como estão andando as negociações. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Sr. João Valdir Corrêa está com a palavra. Por gentileza, seja breve no seu
encaminhamento.
O
SR. JOÃO VALDIR CORRÊA:
Nossa saudação. Na pessoa do Sr. Presidente, saudamos todos da Mesa. Com
relação ao que falaram os nossos companheiros do Partenon, eu assino embaixo;
concordo em gênero, número e grau. Endosso tudo aquilo que foi falado aqui em
defesa da Saúde do Partenon. Aqui, como cidadão humilde, quero manifestar, Sr.
Presidente, que não sou uma pessoa de influência na sociedade, sou um usuário,
como tantos outros o são, e nem todos puderam vir aqui hoje à noite para
manifestar sua preocupação, sua indignação. Eu nem ia falar, porque eu não
tenho mais condições emocionais de fazer tanto protesto. Isto que vemos aqui é
uma pontinha do iceberg. Enfim, não vamos abrir essa luta.
Agora,
nós queremos registrar aqui o desrespeito do Sr. Secretário Estadual da Saúde,
Osmar Terra, porque, na nossa comunidade lá do Posto 6, lá no Partenon, que faz
parte do Complexo Murialdo, fomos várias e várias vezes – não só agora, mas nos
outros Governos anteriores –, onde o senhor...
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Sr. Valdir, de forma muito democrática, eu já havia encerrado a Audiência e
reabri para encaminhamentos. Então, por favor.
O
SR. JOÃO VALDIR CORRÊA:
Então, só faço um pedido a todos: a partir de agora, todos nós, aquele cidadão
que é usuário e que sofrer algum dano pessoal ou um dano letal, perder uma
criança, um filho, um membro da família, nós vamos estudar as medidas
jurídicas. Nós moramos na vila, mas conhecemos os caminhos. Muito obrigado. O
meu agradecimento sincero, Sr. Presidente, por ter-me dado a oportunidade de
fazer esta manifestação.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Proponho que
esta Audiência encaminhe ao Prefeito Municipal um prazo mais curto para a
decisão, na linha do que solicita o Presidente do Sindicato, Ver. Sebastião
Melo. Porque, se vai municipalizar, nós vamos tratar com o Município o que
vamos fazer; se não vai, nós vamos tratar com o Estado. Então, proponho que
esse prazo seja reduzido para um mês, Sr. Presidente; que a Câmara, que a
Audiência encaminhe ao Prefeito e marque para daqui a um mês uma reunião para
termos a resposta. Eu faço um apelo aos Governos aqui presentes no sentido de
que a gente encurte esse prazo, porque não é sério nós jogarmos para o fim do
ano, e não vamos aqui dizer que aceitamos esperar 120 dias, porque no fim do
ano é outro jogo, eu acho que em um mês há condições de construir um encaminhamento
e aí marcar uma nova audiência para termos a resposta. Sugiro que a Audiência
encaminhe esse prazo ao Prefeito Municipal, Ver. Sebastião Melo. Muito
obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Srª Marília
Fidel está com a palavra.
A SRA. MARÍLIA FIDEL: Proponho um
encaminhamento para os representantes do Secretariado e para a Mesa também no
sentido de que façamos parte da Comissão que está discutindo. Eu, como
Conselheira do OP, já me coloco à disposição e acho que tem que haver alguém do
Murialdo, junto, acompanhando esta discussão, para acompanhar esses prazos,
para legitimar a participação da sociedade civil, porque o que se viu aqui hoje
é o que se tem visto sempre: as desculpas e jogar para frente. Uma audiência
pública teria que ter um caráter de decisão, vocês sabiam que iam vir aqui e
ouvir isso e não trouxeram uma resposta positiva, só disseram o que já têm dito
em todas as reuniões: palavras vazias, sem data e sem prazos. Eu estou propondo
que a gente faça parte desta Comissão, e, como Conselheira eleita do Orçamento
Participativo, quero fazer parte da Comissão para acompanhar os trabalhos, para
ver realmente e poder dar um retorno para a comunidade.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senhores e
senhoras, eu recebi aqui um
documento da Srª Eliana Paim, que eu gostaria que fosse acostado no processo; e
um CD que recebi aqui do nosso requerente, gostaria que também fosse anexado.
São
indicativos, e a presidência, primeiro, acolhe todos os indicativos. E
determino, de imediato, primeiro, que em caráter de urgência, urgentíssima,
esta Audiência Pública seja levada à Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores.
Tudo que aqui foi tratado, de imediato, seja remetido, Dr. Luiz Afonso, em
caráter de urgência, urgentíssima, à Comissão de Saúde da Casa, seja dada
ciência à Comissão de Saúde da Casa.
Segundo,
que esta Audiência também, acompanhada de um ofício, de forma resumida, chegue
ao Sr. Prefeito Municipal. Correto? Inclusive com os indicativos aqui, porque a
Audiência Pública não decide sobre essas questões, mas os indicativos;
inclusive, dizendo que apelos para que esse assunto seja ultimado o mais rápido
possível.
E
também quero pedir ao Dr. James e ao Dr. Porto que pudessem oficializar à Casa
todos os passos que os senhores acabaram, aqui, colocando. Isso quer dizer: a
licitação saiu ou não saiu? Por que não saiu? Enfim, da mesma forma
solicitamos. Por quê? Porque nós vamos também informar a todos os Vereadores da
Casa, enfim, à população, sobre todos os passos.
Então,
eu queria, mais uma vez, ressaltar que a Casa, a presidência continua sempre à
disposição para dar continuidade a este assunto. Nós estávamos, naquele
momento, em um recesso Parlamentar, e, por essa razão, a presidência aceitou a
sugestão dos Srs. Vereadores, mas há uma Comissão temática na Casa. Eu acho,
Ver. Aldacir Oliboni, que vocês deveriam, frente aqui, quem sabe, fazer uma
nova reunião lá na Comissão. Enfim, a presidência também está à disposição, e
querendo dar continuidade com uma outra Audiência, ou com um outro debate. Nós
estamos sempre à disposição, porque a razão maior da Casa é a população de
Porto Alegre. E nós observamos que há muitos desafios na Cidade, mas a Saúde é
um grande desafio. E o que os senhores estão colocando aqui procede, sim, as
condições de lá nós conhecemos. Eu presidi a Comissão de Saúde, então, está
falando alguém que conhece o tema – ainda quando a Sandra Fagundes era
Secretaria -, e este debate também era bastante recorrente, e muitas vezes a
Secretária Sandra esteve aqui debatendo este assunto. Eu até quero confessar
aos senhores que, no final do Governo Verle, eu achei que a municipalização
estava mais adiantada do que está agora; quer dizer, eu via lá que tinha... Aí,
terminou o Governo, começou um novo Governo, é da lógica, quer dizer começou um
novo Governo, e nós estamos chegando ao final desse Governo e eu espero e quero
confiar de que a gente possa... Porque eleição passa, as lutas continuam, e
portanto, nós temos aí ainda pela frente o mês de setembro, o mês de outubro, o
mês de novembro, o mês de dezembro.
E
eu conversei longamente, pessoalmente, com o Osmar Terra sobre este tema esses
dias. Eu senti por parte dele, realmente, que os 120 dias, realmente, é uma
coisa colocada ali, não por colocar. Agora, palavra sem atos é que nem tiro sem
bala: não adianta nada. Então, nós precisamos de ultimar e a Casa ela vai
continuar fazendo aquilo que deve fazer, que é fiscalizar.
Quero
agradecer pela presença de todos e dou por encerrada a presente Audiência
Pública. Muito obrigado.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Audiência.
(Encerra-se
a Audiência Pública às 21h23min.)
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